​É entusiasmante acompanhar as notícias sobre o desenvolvimento da exploração espacial. A tecnologia cada vez mais avançada permite coisas que muito pouco tempo atrás seria impossível sequer sonhar. Não deixa de ser bonito que esse lado explorador e inquieto do ser humano possa nos levar até mesmo a estabelecer uma colônia no planeta Marte. Nesse exato momento, bilhões e bilhões de dólares e os melhores cientistas estão sendo investidos em empreitadas desse quilate. Não há dúvida que a exploração espacial já começou e que ficará cada vez mais forte.

​Essa vontade de explorar, se conhecer, de aceitar e vencer desafios é uma faceta do ser humano que traz inúmeras consequências no desenvolvimento da ciência, da tecnologia, da ocupação de vários lugares seja aqui na Terra ou já sonhando com outros lugares. É até admirável toda essa força e empenho que são empregados. No entanto, esse lado explorador louvável é algo que se situa muito para o lado externo, está sempre voltado para fora, para as coisas concretas que encontramos externamente. Assim como podemos explorar o planeta e até o espaço sideral, podemos também explorar nossos mundos internos, voltarmos a atenção para nossa própria mente, que é algo muito pouco conhecido ainda.

​Nada contra aquilo que é externo, afinal também precisamos e nos relacionamos com tudo aquilo que está fora de nós, mas a exploração para conhecer o desconhecido não deveria se ater apenas ao mundo externo. Quando fica apenas voltado para um lado ficamos meio que “aleijados”, sem desenvolver outros lados igualmente importantes. Quem aqui já não viu em alguma academia aquele sujeito que malha e trabalha sempre os músculos superiores do corpo enquanto não dedica nada aos músculos inferiores? Ficam com o peito, costas e braços sarados enquanto as pernas ficam raquíticas. Na verdade, fica desproporcional e isso não é só uma questão estética, mas de equilíbrio e saúde. Os membros inferiores ficam fracos e podem se machucar por não terem sido trabalhados o suficiente. Isso vem acontecendo conosco no que diz respeito ao desenvolvimento da mente.

​Estamos desproporcionais. A tecnologia, o avanço da ciência, está bastante desenvolvida para o externo. Até Marte o ser humano está considerando dominar, mas a própria mente fica raquítica, com pouco conhecimento e desenvolvimento. Entretanto, esse desequilíbrio é danoso porque se não podemos contar com uma mente que nos sustente podemos cair nos mais variados enganos e situações desnecessárias. É fato que a maior parte dos nossos sofrimentos são causados por nós mesmos e assim é porque nos conhecemos pouco e nos conduzimos de maneira nada eficiente.

​Do que adianta ganhar e explorar o mundo inteiro e se perder? Quem não se conhece não tem nem mesmo capacidade de aproveitar o que conquista. Isso tudo só vai gerando um sentimento de vazio cada vez maior e não é se voltando para fora que vamos encontrar o que precisamos, mas apenas se voltando para dentro. Infelizmente, o tempo da exploração mental ainda está só engatinhando.

A opinião do colunista não é, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina


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