Sigmund Freud, um ícone incontestável entre aqueles que mudaram a forma como a humanidade se vê, surge como uma figura cuja influência transcende o tempo e o espaço. Nasceu em 6 de maio de 1856, em Freiberg, Morávia, mergulhando desde cedo em uma jornada intelectual e pessoal em busca dos segredos mais profundos da mente e das motivações que impulsionam nossas ações.

Através de suas teorias pioneiras, Freud desvendou os véus que encobriam o desconhecido território do inconsciente, iluminando os recônditos do psiquismo que antes eram desconhecidos e relegados às crenças religiosas e superstições. Sua obra prima mais conhecida, "A Interpretação dos Sonhos", lançado em 1900, não apenas introduziu o conceito revolucionário do inconsciente, mas também revelou os sonhos como mensageiros, portadores de significados profundos e muitas vezes ocultos sobre nossa vida mental.

A estrutura da mente, composta pelo id, ego e superego, delineada por Freud, tornou-se alicerces sobre os quais repousam muitas compreensões contemporâneas da psicologia. O embate entre os impulsos primitivos do id, as demandas morais do superego e as realidades do mundo externo, mediadas pelo ego, ecoa nas maneiras que todos nós vivemos.

O complexo de Édipo, uma das pedras angulares de sua teoria, delineia os complexos enredos emocionais que permeiam a relação entre pais e filhos, lançando luz sobre os intricados labirintos da psique infantil que moldam o adulto por vir.

Ao desafiar tabus arraigados, Freud abriu caminho para uma compreensão mais ampla e destemida da sexualidade, destacando seu papel primordial na formação da identidade e da personalidade. Sua análise profunda das motivações inconscientes, enraizadas em impulsos sexuais, revolucionou nossa percepção do que nos impulsiona e abriu fronteiras para o ser humano se entender melhor.

Acima de tudo, a psicanálise, criação de Freud, e depois desenvolvida por vários e férteis psicanalistas que se seguiram a ele, permitiu que muitos sofrimentos que minam a qualidade de vida de inúmeras pessoas pudessem ser compreendidos e tratados. O sofrimento psíquico e a saúde mental deixaram de ser ‘coisa de quem não tem o que fazer’ para se colocar num lugar de destaque no panorama geral do que é um ser humano saudável. Tanto que a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma a necessidade de um programa mundial de saúde mental em nível mundial.

Além das fronteiras da mente individual, Freud ousou adentrar o terreno da cultura e da sociedade, desvendando os fios invisíveis que conectam o indivíduo ao coletivo. Sua incursão na religião, mitologia e comportamento social lançou luz sobre as intricadas teias que tecem o tecido da civilização e de suas dificuldades.

Apesar das controvérsias e críticas que inevitavelmente cercam suas teorias, o legado de Freud permanece imponente e imortal. Sua influência ecoa não apenas nos corredores da psicologia clínica, mas também na literatura, arte e cultura popular, como um farol que guia nossa busca contínua pela compreensão da complexidade humana. Freud transcende a mera categorização como ‘apenas’ um psicanalista. Muito da maneira como nos vemos é devido a Freud, que neste dia 6 de maio completaria 168 anos e, nessa data, celebra-se também o dia do psicanalista

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