A vida pode ser um piquenique numa tarde
Quando entendemos que não dispomos de todo o tempo do mundo não vamos desperdiçá-lo
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 12 de dezembro de 2022
Quando entendemos que não dispomos de todo o tempo do mundo não vamos desperdiçá-lo
Sylvio do Amaral Schreiner

Li certa vez num livro que a vida pode ser comparada a um piquenique no parque numa tarde de domingo. Isso quer dizer que ela não dura muito tempo. O sol pode estar brilhando, a temperatura agradável, pode haver uma linda paisagem em volta e as pessoas ali presentes podem ser fontes de grande alegria. Porém, isso não vai durar eternamente, mas será passageiro, uma tarde apenas e mesmo no interim dessa tarde pode começar a chover e encurtar esse passeio. Seria então um desperdício imenso perder tempo nesse piquenique brigando uns com os outros, discutindo sobre onde estender a toalha ou sobre quem vai sentar em qual lugar. O tempo pode mudar ou a tarde acabar e tudo aquilo que poderia ser apreciado acaba rapidamente.
Infelizmente, é assim que a grande maioria das pessoas passam as suas vidas: arrumando problemas. Sim, sei que a vida nos traz inúmeros problemas e muitas vezes muitos deles são sérios e extremamente dolorosos, mas na maior parte das vezes somos nós mesmos que vamos criando dificuldades, o que faz com que não aproveitemos bem ‘nossos piqueniques’ ao longo da vida. Enfim, desperdiçamos tempo e oportunidades.
Algumas pessoas podem até se perguntar se a vida é passageira, se as coisas são transitórias, qual o sentido? Como alguém pode ser feliz quando as coisas boas não vão durar e são impermanentes? A grande verdade é que não temos como ‘congelar’ ou ‘agarrar’ as coisas boas e mantê-las sempre na nossa posse. Até mesmo a nossa vida se esvai com o passar dos anos. Nossa saúde também. Sim, é como um piquenique numa tarde de domingo, acaba rápido, antes do que imaginamos já terminou. Só que podemos olhar esse fato de duas maneiras: uma é ficar desanimados com essa transitoriedade e outra maneira é compreender que não há tempo a perder.
Quando entendemos que não dispomos de todo o tempo do mundo não vamos desperdiçá-lo. O sábio é justamente aquele que não perde tempo com pequenas coisas, com bobagens. Ele desenvolve um novo olhar para a vida e a vê com mais apreciação. Afinal, a vida é breve de fato e com isso em mente podemos tirar o melhor proveito das nossas chances, dos nossos relacionamentos, de tudo o que podemos usufruir.
O início do verdadeiro crescimento mental é quando vamos nos abstendo de criar dificuldades para nós mesmos, é quando não vamos colocando barreiras e obstáculos para que tropecemos. Assim, seremos mais sinceros nos nossos relacionamentos, sem precisar de tantos dramas desnecessários ou enrolações com mentiras, porque ao entender que não temos todo o tempo vamos ser mais francos e diretos. Seremos também mais pacientes e tolerantes consigo próprio e com os demais, pois nada valerá perder tempo com amarguras e ressentimentos.
Sábio não é aquele que tem alto grau de conhecimento, que acredita ter as respostas seja lá para o que, mas justamente aquele que escolhe viver bem, sem perda de tempo porque percebeu que as coisas não vão durar. O sábio terá uma tolerância maior até para os sofrimentos inerentes à vida, já que ele estará mais ocupado aproveitando o que pode, o que está disponível, do que brigando sobre como a vida deveria ser. Seria muito bom se prestássemos mais atenção nisso.
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A opinião do colunista não é, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina
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