Segundo a tradição cristã, a estrela de Belém surgiu nos céus para anunciar ao mundo o nascimento de Jesus. Os Reis Magos a tomaram como guia para indicar-lhes o caminho para chegar até o recém-nascido e sem a estrela eles não teriam conseguido encontrá-lo. Nos tempos após Cristo, a religião nova que se formava não se chamava Cristã, recebendo este nome apenas séculos mais tarde. Naquele momento chamava-se O Caminho. Um nome, aliás, muito mais interessante, pois muito mais significativo. Chamava-se assim pois se propunha a dar uma outra interpretação aos preceitos religiosos judaicos da época, que estavam “contaminados” pela corrupção e pelo mau uso. Então, segundo a tradição, a estrela indicou o caminho até aquele que iria mostrar “O caminho”.

Imagem ilustrativa da imagem A verdadeira estrela vive em nós
| Foto: iStock

Pensando sobre essa tradição podemos aprender coisas importantes para refletirmos em nossas vidas. Que se queremos chegar a algum lugar é preciso trilhar o caminho, mas aqui o caminho não se trata de seguir esta ou aquela norma religiosa, mas de construir um caminho pessoal para se viver de fato. Quem não está de bem com a vida é porque se encontra “perdido”, está fazendo mau uso de si mesmo e se encontra “corrompido”, ou seja, não sabe mais como chegar ao seu mundo interno para poder fazer bom uso dele. Sem um mundo interno a vida perde a graça e não tem sentido. Precisa-se, então, encontrar ou reencontrar esse caminho que leve alguém a andar na trilha, que permita viver de um jeito mais favorável.

Para se achar o caminho uma estrela guia se faz necessária e essa estrela pode ser encontrada dentro de nós mesmos. É aquele lado saudável que existe dentro de nós e que nos dá esperanças de melhorarmos tudo aquilo que não nos está bom. É aquela “luz” interna que nos faz sentir vivos e batalharmos por uma vida mais digna. Na tradição, os Reis Magos foram os únicos que conseguiram seguir o caminho indicado pela estrela. Eles eram considerados grandes sábios do mundo oriental, porém, podemos entendê-los como sábios porque foram capazes de enxergar a própria estrela interna que jamais os deixaria perdidos.

Aqueles que têm acesso ao seu próprio mundo interno jamais se encontrarão perdidos, pois se conhecem e sabem dos seus caminhos. O autoconhecimento é uma das maiores riquezas na vida. Pena que seja tão pouco valorizado e muitas vezes até desprezado. Esse menosprezo acontece porque o autoconhecimento não vem fácil e nem é comprado no mercado, mas exige uma vida de prática para que ele venha a ser conquistado e faça parte da forma que funcionamos. O autoconhecimento demanda que trilhemos o nosso caminho.

O fim de ano se aproxima e esse momento é sempre usado como um período de reflexão, de um balanço do ano que se vai e das expectativas para o ano que se aproxima. É um bom momento para que cada um encontre a sua estrela interna, que lhe mostre o seu caminho. Uma boa oportunidade para cada um ousar achar seu caminho e não mais ficar perdido. Tomar consciência da maneira como vem vivendo e transformar aquilo que não traz nenhum crescimento em algo que seja enriquecedor. Essa estrela é simbólica e existe em cada um de nós. Que possamos abrir os olhos para ver o que realmente vale a pena e abandonar aqueles caminhos que não levam a lugar algum. Que todos se iluminem internamente e descubram em si próprios uma vida que precisa ser vivida.

Aproveito este espaço para agradecer a todos os leitores e desejar um bom fim de ano. Desejo, acima de tudo, que cada um encontre e deixe brilhar a sua estrela interna e que ela aponte sempre o melhor caminho para cada um seguir sua vida.

Feliz Natal!

****

A opinião do colunista não é, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1