A verdade sobre a beleza
Será que vocês já olharam para seus lados e à sua frente com olhos verdadeiramente atentos?
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 24 de outubro de 2022
Será que vocês já olharam para seus lados e à sua frente com olhos verdadeiramente atentos?
Sylvio do Amaral Schreiner

Há um ditado popular que diz que “qualquer um pode amar uma rosa, mas não é qualquer um que consegue amar uma simples folha”. É comum amar aquilo que salta aos olhos, mas bonito mesmo é amar aquilo que é simples. Amar aquilo que é bonito não demanda muito de nós. É até esperado que tudo aquilo que é belo possa nos mobilizar e inspirar, porém aquilo que é mais comum e trivial é algo que nem sempre conseguimos acessar nem valorizar.
Não que as rosas não devam ser admiradas e não possam ser razão para encanto. Uma rosa é algo espetacular e de encher os olhos e o espírito. É tal como um presente que a roseira nos brinda quando faz florescer uma flor tão bela. Contudo, justamente por não ser sempre que nascem as flores, por elas serem mais raras, elas ganham uma aura todo especial. Nos chama a atenção e captura nossa visão. O desabrochar de uma flor é algo sublime.
Já as folhas da roseira estão sempre lá, são vistas todos os dias, estão sempre presentes, tornando-se algo mais ‘banal’. Na verdade, nas folhas não há nenhuma banalidade, elas são espetaculares até porque sem elas não haveriamflores. Elas produzem tudo o que a planta necessita para que ela possa irromper em flores. Isso não é pouca coisa e nem mesmo algo vulgar. É de uma beleza magnífica, mas para se enxergar isso é necessário algo mais dentro de nós, é preciso uma sensibilidade.
Por ser mais comum, por estar diante de nós todos os dias as folhas acabam não chamando atenção e ficam meio que parte da paisagem. Algo que permanece sempre lá, meio que garantido. Quantas vezes andamos por aí e nem reparamos naquilo que está diariamente no nosso campo de visão? Acabamos nem reparando, nem considerando aquilo que é tão comum que fica até ordinário.
É um erro que muitas pessoas cometem ao viver sem olhar com mais atenção para perceber aquilo que está a sua frente. Quando digo erro me refiro a perda de uma oportunidade de abrir-se a detalhes que não são percebidos, que passam batidos. Isso leva muita gente a esperar sempre por aquilo que é extraordinário em detrimento daquilo que é mais comum e acessível e que pode conter uma riqueza muito grande.
Há pessoas que esperam, por exemplo, pelo príncipe ou princesa encantados e desperdiçam a chance de se relacionar com quem está ao lado que pode ser muito melhor que qualquer coisa que foi idealizada. Há pessoas que só se permitem ser felizes se tal ou qual condição for realizada, mas deixam de lado justamente aquilo que está na frente delas prontas para serem apreciadas agora.
A verdade é que perdemos muitas oportunidades esperando sempre por aquilo que é épico e excepcional enquanto ao nosso lado, de uma maneira muito mais discreta e silenciosa, há algo dadivoso para ser vivido. Será que vocês já olharam para seus lados e à sua frente com olhos verdadeiramente atentos? Talvez ainda não desenvolveram ou não permitiram desenvolver a sensibilidade para isso. Não é a beleza lá fora que precisa explodir ao nosso redor e se impor sobre nós, mas é a nossa sensibilidade interna que precisa ser cultivada para conseguir ver a beleza que está lá fora nos mínimos detalhes de nossas vidas. Isso é mais trabalhoso, mas muito mais recompensador.
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A opinião do colunista não é, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina
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