A campanha do setembro amarelo, que visa alertar para a prevenção dos suicídios, entra em seu nono ano aqui no Brasil e tem como lema: “Se precisar, peça ajuda”. O dia 10 de setembro é oficialmente o dia internacional da prevenção ao suicídio. No nosso país estima-se 14 mil casos de suicídio ao ano, o que perfaz uma média de 38 pessoas por dia. Atualmente, no mundo inteiro o suicídio é a segunda maior causa de morte entre os jovens perdendo apenas para os acidentes. É realmente um número expressivo.

Uma grande parte dos suicídios poderia ser evitada com o tratamento adequado e por isso mesmo conscientizar e orientar é fundamental. Todos aqueles que trabalham com saúde mental devem chamar atenção para esse fato, já que o suicídio está relacionado à (falta) qualidade da saúde mental. Falar sobre o assunto desmitifica muitos tabus e possibilita que quem esteja passando por dificuldades veja que há meios e tratamentos que se buscados têm a chance de oferecer alívio adequado.

Quem está pensando em se matar é porque está sofrendo, mas não consegue considerar outras maneiras de lidar com o sofrimento e acredita que morrer é a única forma de acabar com a imensa e intolerável angústia que sente. Há psicólogos, psiquiatras e muitos outros artifícios que podem ser de imensa ajuda para quem está cogitando em acabar com a própria vida e todos esses profissionais e técnicas devem ser considerados para ver o que melhor pode servir.

Sempre ressalto nesses oportunidades de se falar do suicídio que podemos ampliar ainda mais esse tema e não se restringir apenas aos casos de suicídios explícitos, que são gritantes, mas daqueles suicídios que não parecem ser suicídios. São casos de pessoas que vivem suas vidas de maneira muito desvitalizadas e vão se arrastando sem conseguir tirar o melhor proveito e prazer de suas possibilidades. Tem gente morta mesmo estando viva fisicamente e isso é muito preocupante.

A saúde mental é assunto sério e não pode jamais ser desconsiderada. A falta de atenção e de políticas públicas eficientes sobre a importância da saúde mental geram imensos prejuízos a toda sociedade. Para piorar ainda mais a situação há muito preconceito que ainda paira sobre aqueles que tratam a saúde mental, sendo taxados de loucos ou fracos.

Há uma música do cantor Ney Matogrosso, Balada do Louco, que diz “Mais louco é quem me diz e não é feliz”. Nela, ele chama atenção para o fato de ser chamado de louco, mas avalia que a verdade loucura é quem não é feliz, ou seja, quem não está bem consigo mesmo. A vida é preciosa demais para perdemos tempo e não procurar estar em paz consigo mesmo.

Que esse setembro amarelo nos faça compreender que precisamos e podemos buscar viver uma vida que seja realmente digna, que possamos preservá-la e expandir essa atitude para todos que estão ao nosso lado. Necessitamos ser mais humanos conosco e com os outros.

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