Ah, o amor… Entre os casados bombas explodem por todos os lados: crises, separações, reconciliações… Quando os casais imaginaram que teriam de encarar seus reais problemas ao conviverem por mais tempo que o normal no ambiente doméstico? Já aludi a isso na crônica de 08 de setembro do ano passado, “A saga dos casais confinados”.

Minha atenção agora se volta para o mundo dos solteiros. Ouço dizer que os encontros entre eles, nessa balada suspensa por tempo indeterminado, têm ocorrido com mais frequência - e por razões elementares - dentro de casa. O mais curioso aí é ter de cara uma vivência doméstica que, em condições normais, só aconteceria (se acontecesse) mais tarde.

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Mas de um modo geral o distanciamento social virou um fator complicador para a azaração, a ficação, os namoros, paqueras e aventuras. Todavia seria ingênuo supor que a vida dos “singles” vem sendo apenas difícil nessa longa pandemia. Ponho-me aqui a especular sobre os expedientes de que fazem uso para agendar encontros ou as manobras presenciais aceitáveis nesses tempos em que uma simples aproximação equivale a uma ameaça. Ok, as máscaras estão aí para permitir uma conversa civilizada a uma certa distância, e não é difícil imaginar que o contato puramente visual possa criar entre os envolvidos uma fortíssima atração. Nesse caso, o que fazer? Como atenuar as desconfianças e tornar o encontro viável?

No lugar de um solteiro talvez propusesse a pessoa por quem estivesse interessado a feitura do exame, por mais estranho que pudesse soar! Marcaríamos um encontro e com os resultados em mãos saberíamos o que fazer. Não é lá muito romântico, mas melhor que nada. Nessa alternativa, contudo, correríamos outro risco: se uma vez “liberados” não achássemos graça no contato físico. Decepção, mas ao menos teríamos atualizado nosso status “free covid”. Por certas pessoas há de valer a pena pagar pra ver.

Uma amiga próxima confessou-me há um tempo que para ela valeu a pena pagar pra ver em outro sentido. “O desejo foi tão grande que nem pensamos: tiramos as máscaras e nos beijamos.” Namoraram primeiro e fizeram o exame em seguida. Por sorte deu tudo certo. Nessa alternativa a ordem dos fatores parece mais familiar: primeiro o teste de química, de pele, de gosto, de cheiro; o resto acontece ou não. Só não se anime demais com essa possibilidade, é sem dúvida a mais arriscada!

Outro caminho sobre o qual tenho ouvido falar é o de recorrer a ex-relações. Ainda assim, devido ao tempo separados, convém fazer o exame. Se estiver tudo certo, quem sabe. Mas nessa alternativa, embora familiarizados com os encantos que já conhecemos, correríamos um novo risco: o de ter de encarar velhos problemas.

Há também a opção de aproveitar a situação para manter-se solteiro e livre das chateações de um relacionamento, o que não deixa de ser uma vantagem para os que preferem investir tempo e energia em seus projetos, trabalhos ou - se isso ainda existir - em suas carreiras.

Feitas as contas, só posso desejar aos solteiros os melhores encontros de suas vidas quando essa loucura toda terminar.