Celebrar o dia de Finados é uma tradição que remonta aos rituais religiosos da Idade Média. Por volta do ano de 998 um monge francês solicitou aos outros monges do monastério onde vivia que juntos peregrinassem até o cemitério local para orar pelos mortos, sobretudo para os que não tinham quem orasse por eles. No decorrer de muitos anos o ritual se consolidou. A tradição se estabeleceu e tornou-se popular a partir do século XIII, quando o ritual passou a ser celebrado em 2 de novembro, um dia após o Dia de Todos os Santos.

Hoje o chamado “dia dos mortos” está presente em todos os cantos do mundo. E das mais diversas formas. No México eles fazem um carnaval. Na Guatemala soltam pipas coloridas. No Japão acendem lanternas para iluminar o caminho dos mortos. Na Espanha preparam banquetes. No Haiti tocam grandes tambores para acordar o Deus dos Mortos. No Brasil a data é celebrada nos cemitérios, para onde muitos afluem. É o dia em que muita gente visita os túmulos de parentes e amigos falecidos para prestar homenagens, lavar as lápides, oferecer flores e estabelecer, por meio de orações, alguma conexão espiritual com os que já se foram.

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. | Foto: Adriano Garib/ Divulgação

É fato que este ano a data foi especialmente difícil para tantos que perderam entes queridos nos últimos 7 meses para essa doença fatal que já vitimou milhares de pessoas ao redor do mundo. Só aqui, pelos dados oficiais de uma semana atrás, foram registrados mais de 160 mil óbitos e cerca de 5,5 milhões de pessoas acometidas pelo vírus. Uma tragédia. Devidamente anunciada, muitos dizem. Outros chamam de “praga chinesa”. Pouco importa o nome. Há quem diga que não tem nada com isso. “E daí? Lamento, quer que eu faça o quê?”

Semana passada nossa família soube na carne e no espírito o que é perder alguém para o vírus. Nessas horas a gente chora, lamenta, sente a dor da ausência, mas não esquece. Não esquece que não basta lamentar e que muitos poderiam fazer muitas coisas, poucos poderiam definir o rumo de coisas fundamentais que continuam a não ser consideradas e bem poucos, assim creio, não se importam. Que esses bem poucos estejam entre os que definem os rumos do país me parece profundamente entristecedor. Mas como diz um amigo: “As forças que negam não têm futuro, pois elas não propõem nada; só as forças que afirmam tem alguma chance nesse mundo”.

Na Europa a segunda onda está causando estragos. Por aqui, apesar da ausência de planos coordenados para enfrentar o vírus e a crise, contamos com um dos melhores sistemas de saúde pública do mundo, o que, literalmente, está salvando a pátria! Enquanto isso, só nos resta orar: pelos nossos mortos e para que um grande sol, em breve, ilumine o coração da humanidade. E, claro, para que enfim saibamos votar nas próximas eleições. Evoé!