Um leitor me parou na rua e pediu:

— Briguet, por favor, escreva sobre o nosso Londrina!

Embora o jornal já tenha uma competente equipe de cobertura esportiva, acho que o leitor está com a razão: preciso falar sobre o LEC. Pois o Tubarão não é apenas um time de futebol — é parte da alma de nossa cidade. Se o Londrina cair para a Série C, de certa forma todos nós cairemos também. Precisamos desesperadamente de um milagre. Precisamos do impossível.

A situação do Londrina é crítica, para dizer o mínimo. A duas rodadas do fim do campeonato, estamos na zona de rebaixamento, três pontos atrás do Figueirense, 16º colocado. Em suma, temos que vencer os dois compromissos restantes e ainda torcer para que o Figueirense e o Oeste não vençam. É difícil, é improvável, é impossível. Ou quase.

Nada é impossível a quem crê. Silvinho, o novo técnico do Londrina, acaba de conquistar o título do Campeonato Paranaense Sub-19 com uma campanha sensacional: em 25 jogos, obteve 21 vitórias, dois empates e apenas duas derrotas. Além disso, teve o artilheiro do campeonato (Juan, com 21 gols) e o goleiro menos vazado (Maltos, com apenas sete gols sofridos). Quem faz uma campanha dessas está habilitado a fazer um milagre. E digo mais: mesmo que o Londrina caia para a Série C, Silvinho deveria permanecer como técnico, para liderar a redenção do time.

Agora, se os jogadores do Londrina estão em busca de uma fonte de inspiração para os dois últimos jogos, eu tenho uma aqui: é meu vizinho, Roberto Cordeiro Batista, o Robertinho.

Dia desses, estava passeando na beira do lago com a minha família, quando encontrei o ex-meia do Londrina. Todos os dias, ele dá várias voltas em torno do lago fazendo embaixadinhas. É incrível como ele consegue caminhar e controlar ao mesmo tempo. Quando o vi fazendo essa proeza, disse:

— Robertinho, isso é impressionante. Eu mal consigo fazer duas embaixadinhas— parado. E você faz duas mil — andando!”

— Ah, Paulo... Isso aqui é a minha terapia” — respondeu o craque, com um sorriso modesto.

No final dos anos 70, Robertinho fez parte do inesquecível time que superou gigantes, encantou o país e conquistou o 3º lugar no Campeonato Brasileiro. O mesmo time do mestre Carlos Alberto Garcia.

Seja pelo que fez dentro de campo, seja por sua incrível habilidade com a bola, seja pelo trabalho que realiza até hoje com o esporte, Robertinho é uma lenda londrinense — e um exemplo de que o impossível muitas vezes se realiza. Afinal, o Messias nasceu de uma Virgem e ressuscitou ao terceiro dia; o compositor da 9ª Sinfonia era surdo; e o autor da “Odisseia” era cego; se a Terra ficasse um pouquinho mais próxima ou mais distante do Sol, não haveria vida no planeta.

Milagres acontecem todos os dias, e estão acontecendo agora. Que a redenção do Londrina seja mais um.