Imagem ilustrativa da imagem Quem matou essa criança?
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No filme “Tropa de Elite”, há uma das melhores cenas do cinema brasileiro em todos os tempos. Durante uma operação do Bope em algum morro carioca, um traficante é morto com um tiro de fuzil. Ao seu lado, estava um jovem universitário, que subira o morro para comprar maconha.

O Capitão Nascimento se aproxima do jovem, e rispidamente esfrega o nariz do rapaz na ferida mortal do traficante. Depois pergunta:

“Quem matou esse cara?”

“Foi um de vocês”, diz o universitário, trêmulo.

“Não foi a gente, não. VOCÊ matou esse cara!”

“Eu não matei ninguém.”

“Matou, sim! A droga que você usa é o que sustenta o tráfico!”

Desde 1983, quando um governador insano entregou o comando dos morros cariocas ao tráfico de drogas, grande parte da população do Rio, principalmente a mais pobre, tornou-se refém dos criminosos. Os traficantes do Rio de Janeiro adotam o mesmo procedimento covarde dos terroristas do Oriente Médio: infiltram-se entre a população civil e utilizam pessoas comuns como escudo. Nessa guerra, suja como todas as guerras, inocentes acabam sendo atingidos, como na trágica morte da menina Agatha, neste final de semana.

Durante 35 anos, os governos cariocas se mostraram, na melhor das hipóteses, lenientes com o tráfico. Tolerar o intolerável é a fórmula infalível que conduz às piores desgraças. Não por acaso, o Rio de Janeiro, com seus ex-governadores hoje presidiários, é a imagem mais terrível da ruína que a esquerda brasileira, defensora de bandidos e da liberação das drogas, provocou no país — esse país que a duras penas tentamos reconstruir agora.

Aqueles que criticam a Polícia Militar pelas ações de combate à criminalidade no Rio desejam, na verdade, que voltemos à situação anterior, em que a comunidade pobre estava inteiramente entregue aos criminosos, senhores da vida e da morte nas favelas, nos morros, nos bairros pobres. De janeiro para cá, os índices de criminalidade caíram vêm caindo, não apenas no Rio, como em todo o país. Em agosto, naquele Estado, os homicídios dolosos, mortes por intervenção de agentes do Estado e lesões corporais seguidas de morte caíram 11%. Nesse mês, o Rio registrou o menor número de latrocínios (assalto com morte) nos últimos 28 anos: 6. É óbvio que, diante desses números, os criminosos e suas babás ideológicas estejam indignados. (Babás ideológicas que, diga-se, muitas vezes são consumidoras ou apologistas das drogas.)

Esses militantes que agora choram suas lágrimas de crocodilo, aproveitando-se, para fins de marketing político, da legítima dor dos familiares e amigos da menina morta, são os cúmplices da situação caótica do Rio. No fundo, a extrema-esquerda gostaria de ver o Brasil inteiro sob o comando do crime. Eles sabem que aquela menina, ao contrário do traficante do filme, é um anjo inocente, que será recebido por Deus na Jerusalém Celeste. Mas sabem, também, embora não admitam, que o verdadeiro responsável pela morte dessa criança é o tráfico de drogas, um câncer que tem cúmplices.