Imagem ilustrativa da imagem Os dez passos do engano
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Procurando as origens de algumas propostas absurdas defendidas no Sínodo da Amazônia, lembrei-me de uma conversa que tive há pouco tempo com o padre Felipe Staudt, na casa de meu querido amigo Bernardo Pires Küster. O padre Felipe — que faz um belíssimo trabalho de evangelização na Amazônia, levando a mensagem de Cristo aos povos da floresta — elencou os dez passos que conduzem aos mais sérios enganos entre os leigos e sacerdotes da Igreja Católica:

1º passo: A dialética do engano começa com ideias pouco conhecidas, que têm origem em filósofos mortos.

2º passo: Criação de falsos problemas a partir dessas ideias. Por exemplo, a oposição entre Cristo e a Igreja. Isso está baseado na ideia de Lutero e outros teólogos de que existe uma Igreja pura que depois foi corrompida por erros humanos.

3º passo: Depois que esses falsos problemas entram na mente das pessoas, as oposições começam a se incorporar na cultura (primeiro, entre intelectuais; depois por todo o meio social, atingindo as pessoas comuns).

4º passo: Oposições começam a ser trabalhadas de maneira dialética, opondo tese e antítese. Por exemplo: ao sacerdote, você opõe o presbítero. À oração, você opõe a ação. À fé, você opõe as obras. À adoração interior, você opõe a adoração exterior.

5º passo: Você começa a ensinar isso para as pessoas. Diz, por exemplo, que a ideia de sacerdote foi criada pelos bispos favoráveis ao imperador Constantino, e que a palavra presbítero é a imagem que vem das Escrituras.

6º passo: Depois de criado esse cacoete mental, você começa a notar que as pessoas desprezam a tese e começam a esquecer a antítese. Você despreza o sacerdote, e esquece o presbítero. Você despreza a oração, e esquece a boa ação; você despreza a adoração exterior, e esquece a adoração interior. Os dois elementos originais (tese e antítese) começam a se perder.

7º passo: A pessoa está pronta para pertencer a um grupo que comungue das mesmas ideias. Nessa fase, as pessoas se tornam mais suscetíveis à manipulação, uma vez que restou apenas o ódio ao lado oposto, à caricatura que foi feita anteriormente.

8º passo: É a síntese. Esta pode parecer um arranjo entre a tese e a antítese, mas não: é o um filho de outra espécie. Você não tem nem sacerdote, nem presbítero: você tem o padre do PT. Você não tem nem ação, nem oração: você tem militância política ou meditação new age. Você não vai à missa nem por dever, nem por gosto; você está pronto para uma nova religião. Maria não é deusa, mas também não é a maior deste mundo. Você não tem nem tradição, nem escritura. Você começa a crer naquilo que “sente”.

9º passo: O elemento corruptor começa a se transformar em fato. Aquela síntese começa a se espalhar por toda a cultura, e se torna um modo de agir determinado, muito além do que as pessoas poderiam imaginar no primeiro momento. As pessoas não conseguem rezar, nem fazer boas ações. Querem apenas o “bem-estar”. Isso afetou duas ou três gerações e se espalhou entre nós.

10º passo: O pior. É o que nós estamos vendo no Sínodo da Amazônia. As ideias erradas e oposições falsas, que estavam latentes, surgem à luz do dia. A dialética do engano é um método para transformar princípios antimetafísicos e heréticos em princípios da fé! Ideias pagãs — como a ideia de que todas as religiões são iguais — querem entrar para o rol da verdade. O coração das pessoas foi corrompido pela dialética do engano. E as pessoas não percebem onde está o engano!