Imagem ilustrativa da imagem O que aprendi com Olavo de Carvalho
| Foto: Acervo pessoal

“Onde está a verdadeira amizade, aí está o mesmo querer e o mesmo não querer, tanto mais agradável, quanto mais sincero.” A frase de S. Tomás de Aquino, habitualmente sintetizada pela expressão latina “Idem velle, idem nolle” (“o mesmo querer, o mesmo não querer”) explica as minhas grandes amizades — tanto as antigas quanto as recentes. Há alguns meses, quando fui apresentado ao jovem professor Fábio Gonçalves, logo percebi que ali encontraria um amigo, apesar de nossa diferença de idade (sou 25 anos mais velho). Desde aquela ocasião, tenho acompanhado os artigos que ele publica no site da revista Estudos Nacionais, nos quais revela domínio da língua portuguesa e uma surpreendente formação cultural para alguém tão jovem.

Nascido e criado numa favela da capital paulista, Fábio Gonçalves tem algo em comum com este cronista de sete leitores: a admiração pelo filósofo e escritor Olavo de Carvalho. Em um breve texto publicado nesta semana, Fábio fala sobre o papel de Olavo na sua formação, testemunho que compartilho com vocês sete:

“Conheci Olavo de Carvalho em 2013, em meio à confusão das Jornadas de Junho. Àquela altura eu era, literalmente, um analfabeto. Não analfabeto político; era um analfabeto material. Não sabia nada de coisa alguma. Mal sabia escrever.

Conheci-o, pois, e, desde então: busquei me alfabetizar pelos caminhos que ele ensinou, pelo latim de Napoleão Mendes de Almeida; li centenas de livros de literatura clássica mundial, de Homero a Carlos Drummond de Andrade, seguindo a obra de Otto Maria Carpeaux que ele tanto recomenda, a ‘História da Literatura Ocidental’; de Carpeaux, também por recomendação de Olavo, ouvi quase tudo que há no ‘Livro de Ouro da Música’, e então o favelado aqui teve acesso a nomes como Palestrina, Gabrieli, Monteverdi, Verdi, Bach, Mozart, Chopin, Wagner, Sibelius, etc. Também por sua recomendação entendi como ler melhor os diferentes gêneros textuais – seja por conta do seu primoroso texto ‘Os gêneros literários e seus fundamentos metafísicos’, pelo curso ‘Como tornar-se um leitor inteligente’ ou pelo livro ‘Como ler livros’, de Mortimer Adler; foi o professor que me falou, pela primeira vez, sobre vocação, e mais, sobre vocação intelectual — no Curso On-Line de Filosofia (COF), no curso ‘Princípios e métodos de autoeducação’ e no livro ‘A Vida Intelectual’, do Padre Sertillanges; foi igualmente no COF e nos seus livros que fiquei sabendo de uma plêiade de pensadores — dentre os quais o Eric Voegelin, a quem tenho dedicado alguns anos de estudos — que são simplesmente desconhecidos no universo intelectual brasileiro — universo esse que conheci bem na PUC-SP e na USP; e, mais importante que tudo isso, Olavo foi quem primeiro fez com que eu deparasse com a ideia da morte e da responsabilidade da vida vivida sob a perspectiva da eternidade.

Resultado: me converti ao catolicismo, quis casar e casei, quis ter filhos e já aguardo o primeiro, quis trabalhar mais e tenho trabalhado, quis fazer coisas de maior valor e creio que tenho feito.

Se isso não significa trazer a civilização, se tudo isso é só fanatismo de olavete, fica para o julgamento do leitor. Eu sei o que significa para mim.”