Nestor, o colibri de Londrina
Homenagem ao imobiliarista Nestor Dias Correia, um dos colibris que contribuíram para o desenvolvimento da cidade e da região
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 30 de outubro de 2019
Homenagem ao imobiliarista Nestor Dias Correia, um dos colibris que contribuíram para o desenvolvimento da cidade e da região
Paulo Briguet
Londrina nasceu há 85 anos. E quem estava lá, no começo de tudo? Ele, o corretor imobiliário. Sem a coragem e a persistência desse profissional, cujo símbolo é o colibri, o sonho de um punhado de homens jamais teria transformado a floresta em civilização. Na última segunda-feira morreu um dos nossos mais conceituados profissionais da área, o imobiliarista Nestor Dias Correia, continuador da obra-em-sonho dos pioneiros londrinenses.
Nestor Correia era um daqueles homens à antiga, um cavalheiro no sentido forte da palavra. Tive o privilégio de conhecê-lo quando trabalhava como assessor de comunicação da ACIL. Não me cansava de admirar sua lucidez, sua gentileza, sua prudência, sua discrição e, acima de tudo, sua disponibilidade em ajudar sempre. Nestor estava sempre a dispor.
O colibri — também chamado beija-flor —, apesar de sua aparente delicadeza e fragilidade, é uma ave fundamental para a natureza. À procura do néctar, o pequeno pássaro acaba por fazer a polinização que transforma a flor em fruto. É uma atividade análoga à do corretor de imóveis, que atua como facilitador nas operações de compra e venda das habitações humanas. Note-se que, para realizar o seu trabalho, o colibri realiza proezas inigualáveis: é o único pássaro que fica parado no ar e voa para trás e para frente; chega a bater as asas 90 vezes por segundo! Da mesma forma, os corretores realizaram discretamente a proeza de criar Londrina e o Norte do Paraná, naquela que foi a maior reforma agrária promovida pela iniciativa privada em todo o planeta.
Nestor era discreto, persistente e competente como o colibri. Creio ser desnecessário ressaltar aqui a sua honestidade — mais do que uma virtude, era nele uma segunda natureza. Um amigo certa vez comentou: “O Seu Nestor é tão honesto que chega a ser irritante!” Uma boa piada, mas injusta. Ninguém poderia se irritar com a presença discreta e simpática do nosso velho amigo.
Há pessoas que fazem parte do problema, e outras que fazem parte da solução. Estou seguro de que o Seu Nestor jamais esteve no time dos problemáticos. Dele só se podia esperar a mão estendida, a palavra de apoio, a ideia prudente, a boa vontade. Sim, esse era Nestor Correia: um homem de boa vontade, que entre nós viveu, trabalhou, amou e construiu. E de tanto viver, trabalhar, amar e construir, só poderia mesmo ter morrido do coração.
Nas duas grandes epopeias de Homero — a “Ilíada” e a “Odisseia” —, Nestor é um personagem que simboliza a sabedoria e a experiência. É ele quem dá sensatos conselhos a heróis como Aquiles, Agamêmnon e Ulisses. Apesar de sua idade, o Nestor homérico é um corajoso combatente e jamais foge do perigo. Creio que essas características também possam ser atribuídas ao seu xará londrinense.
O nome Nestor tem dois sentidos: “aquele que abençoa” e “aquele que regressa”. Não há dúvida de que Nestor Dias Correia fez jus a ambos. Durante décadas, ele abençoou a Cidade dos Homens com sua vida temporal; e agora regressa à Cidade de Deus para a vida eterna. Obrigado, Nestor. Agora é Deus que está a seu dispor.