Imagem ilustrativa da imagem Bom dia, Dona Santina
| Foto: Acervo pessoal

Durante muito tempo em minha vida, nas manhãs que acordava triste ou revoltado com o mundo, havia um bom motivo para juntar forças, levantar-me, lavar o rosto e encarar a realidade. Mesmo quando todos já haviam saído, uma pessoa permanecia por perto. Era uma presença discreta e silenciosa, mas também doce e amigável. Como eu não rezava na época — nem mesmo fazia um simples sinal da cruz —, restava-me dizer quatro palavras:

“Bom dia, Dona Santina.”

A senhora não sabe, Dona Santina, mas aquelas palavrinhas ajudaram a salvar minha vida. É por isso que eu posso escrever hoje, relembrando os bons-dias desde os tempos da República da Rua Humaitá até o apartamento da Cacilda Becker. Tempos de Beto, Baiano, Preto Parceiragem Véio de Guerra, Turco Baixaria, Moa’s, Tetê, Zé Ricardo, Angelita Angelós, Boto Cor de Rosa, Ernesto Borgnine, Agda, Orelha, Marquinhos Diet, Regina Esperança, Marcelo Picareta e outros tantos queridos.

Hoje eu quero lhe dar um cumprimento especial, Dona Santina. Afinal, é o dia em que a sra. completa 80 anos.

Saibam vocês, meus seus sete leitores, que Santina Alves da Silva veio a este mundo no dia 4 de julho de 1939, no município paulista de Pirapozinho, em que até o nome é diminutivo, e ali passou a infância. Aos 12 anos, mudou-se com a família para Guaraci, no Paraná. Conheceu Lázaro Honório, com quem se casaria, mudando-se para o distrito rural de Tupinambá, em Astorga, onde viveu por vinte anos e teve cinco filhos: Valdir, Ivone, Aparecida, Marlene e Luciana. Depois de um curto período em Campinas (SP), mudou-se para Londrina em 1981, onde vive até hoje.

Os filhos lhe deram oito netos (Andréia, Priscila, Franciele, Rodrigo, Aline, Rafael, Felipe, Alexandre) e três bisnetos (Vitória, Lívia, Gabriel). Deve ser uma imensa alegria estar ao lado deles nesta data querida. A nota de saudade é dada pela ausência de Valdir, que nos deixou há alguns anos. Sou testemunha do amor, da dedicação e da luta desta mulher pela vida de seu filho.

E o que dizer da ternura, da docilidade, da simpatia, do bom humor, da coragem e da força da mulher chamada Santina? O nome Santina, como o de sua cidade natal, é também um diminutivo: significaPequena Santa. Mas a humildade e a nobreza estão muito próximas: 4 de julho é o dia de Santa Isabel de Portugal, que foi rainha no século XIII, tendo se casado com D. Dinis, o rei-trovador, grande poeta do nosso idioma.

Lembro-me agora, Dona Santina, de sua linda amizade com três mulheres: minha mãe Aracy, minha avó Maria e minha irmã Maria Fernanda. Com isso posso dizer, sem medo de errar, que a sra. passou a fazer parte de nossa família. E assim quero encerrar esta crônica de aniversário: com a imagem dessas quatro mulheres queridas sorrindo para mim — duas na vida, duas na eternidade.

Bom dia, mãe. Bom dia, vó. Bom dia, Fer. Bom dia, Dona Santina.