“Sou contra esses bailes e vou ser contra sempre. Quero ver um dia isso acabar.” (Mãe que perdeu um filho)
“Sou contra esses bailes e vou ser contra sempre. Quero ver um dia isso acabar.” (Mãe que perdeu um filho) | Foto: iStock

Era uma tarde de domingo. Minha amiga, que havia acabado de se mudar para o seu novo apartamento, saiu de carro com as duas filhas pequenas para procurar uma padaria aberta nas redondezas. Rodou por um bom tempo e, de repente, caiu numa favela, onde estava acontecendo um baile funk. Deparou, então, com usuários de crack por todos os lados, andando como zumbis; garotas menores de idade, com shorts curtíssimos, dançando nas ruínas de uma construção; um batidão com letra pornográfica em volume ensurdecedor. As pernas de minha amiga tremiam. As filhas colaram-se no assento, petrificadas. Com a graça de Deus, elas conseguiram sair do lugar. Com medo e sem pão.

Essa imagem dantesca, porém, é apenas a de um baile funk em Londrina. Imagine-se o que acontece nos “pancadões” do Rio e de São Paulo. É muito, muito pior. Os bailes funk são os campos de concentração da nossa época. Com a diferença de que, nos campos nazistas e comunistas, as pessoas eram colocadas à força. No Brasil esquerdista, os jovens entram nos campos da morte por vontade própria. Da mesma maneira que se entra no Inferno.

Chesterton dizia que, quando você deixa de acreditar em Deus, passa a acreditar em qualquer coisa. O mesmo se dá com a cultura. Quando a alta cultura de um povo é destruída — como aconteceu no Brasil ao longo das últimas décadas —, ela é substituída pelo entretenimento de massa. Em suas formas benignas, a subcultura de massa produz analfabetos funcionais. Mas, quando associada ao crime, torna-se uma fábrica de sofrimento, desespero e morte.

Os bailes funk, ao contrário do que dizem os nossos “especialistas” da grande mídia, não são “manifestações culturais legítimas”. São fachadas para o tráfico de drogas, o abuso de menores, o estupro, a erotização da infância, a pedofilia, a gravidez indesejada, a apologia do ódio, o culto da violência e a imposição do terror entre a população mais pobre. Reproduzo aqui as palavras de uma mãe que perdeu seu filho de 16 anos no último domingo: “Eu sou contra esses bailes e vou ser contra sempre. Quero ver se um dia isso vai acabar. Quantas mães vão ter que perder seus filhos numa situação como a minha? Eu perdi meu filho caçula. Meu bebê”.

É evidente que a Polícia Militar poderia ter agido com mais prudência em Paraisópolis. Os policiais responsáveis pela operação que resultou na morte de nove jovens devem ser investigados e, se comprovada sua culpa, punidos. No entanto, existe uma diferença fundamental entre a PM e o baile funk: a primeira pode ser aperfeiçoada; o segundo tem de ser proibido. Ou outras mães continuarão a chorar seus filhos.

Baile funk não é cultura, é crime.

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