Imagem ilustrativa da imagem A profecia do arcebispo
| Foto: Acervo familiar de Milton Menezes

“Devemos lutar contra a religião. Isto é o abc de todo materialismo e, portanto, do marxismo.” (Vladimir Lênin)

No livro “O Concílio Vaticano II — Uma história nunca escrita”, do eminente historiador italiano Roberto de Mattei, acha-se um documento profético, escrito em 1959 por um gigante do catolicismo brasileiro, o arcebispo de Jacarezinho, D. Geraldo de Proença Sigaud. Digo profético porque o texto, enviado ao papa João XXIII, adequa-se perfeitamente aos dias de hoje. Sessenta anos depois, as palavras de D. Geraldo descrevem à perfeição a tormenta enfrentada pela Igreja nos dias de hoje. Reproduzo-as aqui:

“Assim como, a determinada altura, os princípios, as doutrinas, o espírito e o amor ao paganismo entraram na sociedade da Idade Média, provocando a pseudo-reforma, assim também muitos membros do clero ainda não compreenderam os erros da Revolução e ainda não se opuseram a eles. Outros membros do clero amam a Revolução e ainda não se opuseram a eles. Outros membros do clero amam a Revolução como princípio ideal, difundem-no e com ele colaboram, hostilizando os adversários da Revolução, e denegrindo e contrariando o apostolado por eles realizado. Muitos Pastores calam-se. Outros abraçaram os erros da Revolução e, abertamente ou em segredo, favorecem-na, como fizeram os Pastores do tempo do jansenismo. Aqueles que acusam e refutam os erros são perseguidos pelos colegas e chamados de ‘integristas’ (conservadores).

A Igreja vive uma nova Sexta-Feira Santa e está entregue sem defesa aos seus inimigos. É necessário compreender o combate sem tréguas que se trava em todos os campos contra a Igreja, conhecer o inimigo, distinguir a estratégia e a tática da batalha, a sua lógica, detectar claramente a sua psicologia e a sua dinâmica, para interpretar com precisão cada um dos confrontos, organizar o contra-ataque e orientá-lo com segurança.

O nosso inimigo, e inimigo implacável da Igreja e da Sociedade Católica, desde há cinco séculos vem praticando o confronto e com mortífero, lento e sistemático progresso subverteu e destruiu quase toda a ordem católica, ou seja, a Cidade de Deus, e esforça-se por substituí-la pela cidade do homem. O que pretende?

Construir toda a estrutura da vida humana, a Sociedade e a Humanidade, sem Deus, sem a Igreja, sem Cristo, sem a Revelação, apoiando-se apenas na Razão humana, na sensualidade, na cupidez e na soberba.

A enorme força da Revolução provém do uso sapiente das paixões humanas. O comunismo criou a ciência da Revolução, cujas armas basilares são as paixões humanas desenfreadas incitadas de forma metódica. Essas são incitadas de forma científica para um fim determinado, e submetem-se à férrea disciplina de seus dirigentes, a fim de destruir a cidade de Deus nos seus fundamentos e de construir a cidade dos homens. Apoiam até a ditadura e sustentam a pobreza, com o fim de construir a ordem do Anticristo.”

D. Geraldo escreveu essas palavras há 60 anos — mas elas parecem ter sido proferidas na manhã de hoje.