Tentar ensinar economia para adultos já é difícil o bastante, dado que é um tanto raro encontrar adultos que tenham genuíno interesse ou aptidão para o assunto. No máximo, há adultos com inclinações partidárias e ideológicas, mas não com genuíno interesse pela ciência econômica. (Leonard Read)

Não tem mágica ...

O governo, por mais estranho que possa parecer, não é uma entidade que veio de Marte com um baú repleto de recursos que só não o aplica para o bem da sociedade porque é mau e de coração peludo.

... a conta é paga por nós.

Para qualquer centavo gasto pelo governo, ele primeiro tem de retirar esse dinheiro da economia. O governo pode fazê-lo fundamentalmente de três formas: por meio de impostos, por meio da senhoriagem e por meio de endividamento.

Seja com impostos...

A elevação de tributos foi utilizada amplamente no Brasil durante as últimas décadas, onde saltamos de 24% em 1990 para 35,7% em 2020 e não há espaço para qualquer outro aumento.

... com inflação...

A senhoriagem é a receita do governo pela emissão de moeda. À despeito de vários economistas pregarem que não, essa emissão de moeda sem que haja a contrapartida proporcional no aumento da produção, é inflacionária, o que em última instância, significa tirar poder de compra das pessoas, transferindo receita para o governo.

... ou com juros altos.

O governo também pode aumentar seu endividamento tomando dinheiro do setor privado. Além de significar que o dinheiro que poderia ir para a produção agora irá para cobrir as despesas do governo, leva a um aumento dos juros. Dois movimentos prejudiciais para a economia.

O problema reside ...

O governo tirar dinheiro da economia não é um mal em si mesmo. Caso ele conseguisse aplicá-lo de forma tão ou mais eficiente que os agentes privados não só não haveria problema como seria desejável.

... na ineficiência dos gastos.

Acontece que não é assim, especialmente no Brasil. Segundo relatório do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), a ineficiência dos gastos públicos no Brasil representaria um prejuízo de até US$ 68 bilhões por ano, ou o equivalente a 3,9 por cento do PIB do país.

Há muito espaço para melhorar ...

Isso significa que há amplo espaço para a melhorar os serviços oferecidos à população sem implicar em aumento dos gastos públicos.

... e uma reforma ajuda.

A reforma Administrativa, que entrou em pauta em 2019, tem como objetivo modernizar a administração pública, tornando-a mais rápida e eficiente.

Mas enquanto isso...

Enquanto aguardamos, precisamos defender o teto de gastos pois é um mecanismo que impedirá que a sociedade seja ainda mais espoliada e escancarará essa ineficiência que não será vencida elevando-se ainda mais os gastos públicos.

... devagar com o andor.

É obvio que responsabilidade fiscal e por consequência o controle de gastos, não é condição suficiente para o desenvolvimento, mas é condição necessária para tal. Não alcançar este entendimento é, de fato, um problema.

A unanimidade é burra...

O debate é sempre bem-vindo, mas ele se faz com argumentos que refutem uma lógica e não com palavras de ordem como que gritadas em cima de palanque.

... mas o que me preocupa mesmo

... não é o brado dos maus, é a ingenuidade dos bem intencionados.