Relação entre PIB e desemprego capta nossa baixa produtividade
PIB do Brasil cresceu 2,5% e a taxa de desemprego caiu 1,1% entre o 1º semestre deste ano
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segunda-feira, 09 de setembro de 2024
PIB do Brasil cresceu 2,5% e a taxa de desemprego caiu 1,1% entre o 1º semestre deste ano
Marcos Rambalducci
Arthur Okun (1928-1980) foi um economista americano, amplamente conhecido por suas contribuições à macroeconomia, sendo uma delas um indicador que combina a taxa de desemprego e a taxa de inflação para medir o sofrimento econômico da população, o chamado índice de Desgraça.
Outra contribuição sua foi descrever a relação inversa que existe entre taxas de desemprego e crescimento econômico, conhecida como a Lei de Okun.
É interessante analisar a lei de Okun no contexto atual, que conforme divulgado semana passada pelo IBGE, mostra elevação no PIB em 2,5% no primeiro semestre deste ano em relação a 2023 e queda na taxa de desemprego de 1,1% para o mesmo período.
Usarei estes dois dados para testar a produtividade média do Brasil em comparação a outras economias.
O coeficiente de Okun ...
O conceito é bem intuitivo - um aumento na quantidade produzida deve vir acompanhado de aumento de contratação de trabalhadores e vice-versa. Okun se propôs a calcular o valor numérico que reflete esta relação, chamado de Coeficiente de Okun.
... subtrai o crescimento potencial ...
O coeficiente de Okun revela o quanto varia a taxa de desemprego como resposta à variação na taxa de crescimento do PIB acima de seu crescimento potencial. Por exemplo, para manter a taxa de desemprego estável, se uma economia precisa crescer 1%, mas cresceu 5%, significa que ela cresceu 4% acima de sua taxa potencial.
... e obtém o impacto do PIB no emprego...
Agora imagine que este crescimento fez o emprego cair 2%. O coeficiente de Okun será -2% dividido 4%, o que significa coeficiente de Okun igual a 0,5 indicando que a cada 1% de crescimento do PIB, o desemprego cai 0,5%.
... orientando políticas públicas...
Saber deste coeficiente ajuda demais os formuladores de políticas públicas, porque define o quanto é preciso crescer para alcançar determinada meta de desemprego, mas também permite projetar qual será o crescimento do PIB a partir da queda na taxa de desemprego.
... e medindo a eficiência do trabalho...
Mas há um outro indicador por traz deste conceito, que é a produtividade, ou seja, o quanto é necessário utilizar de força de trabalho para determinado crescimento no PIB.
... pelo menor coeficiente.
Uma economia que cresça 4% acima do crescimento potencial reduzindo a taxa de desemprego em 0,25%, terá um Coeficiente de Okun de -0,06. Portanto, quanto menor o coeficiente de Okun mais produtiva é esta mão-de-obra.
O resultado de nossa economia ...
O PIB do Brasil precisa crescer algo como 2% para manter estável a taxa de desemprego. Cresceu 2,5% e a taxa de desemprego caiu 1,1% entre o 1º semestre deste ano na comparação com o 1º semestre do ano passado. Um coeficiente de -2,2.
... na comparação com outros países...
O coeficiente de Okun da Espanha é de -0,85, dos EUA -0,45 e da Alemanha de -0,3. Isso significa que o trabalho no Brasil é 2,6 vezes menos eficiente que Espanha, 4,8 vezes menos que EUA e 7 vezes menos que Alemanha.
... aponta para nossa tarefa de casa.
A produtividade do trabalho depende de; a) tecnologia e inovação nas empresas; b) qualificação e educação na formação profissional e; c) disponibilidade de crédito fácil e barato para os investimentos.
Está aí a pauta de trabalho a ser desenvolvido pelas empresas, pelas famílias e pelos governos.
Marcos J. G. Rambalducci - Economista, Professor da UTFPR.