Como previsto, o Comitê de Política Monetária (COPOM), reduziu mais ainda a taxa básica de juros, agora a 2,25%. Na coluna passada escrevi sobre a possibilidade de tal medida não ser eficiente em estimular a economia, em razão de um fenômeno conhecido como ‘armadilha da liquidez’. Mas o governo possui outros instrumentos de política econômica a sua disposição além da política monetária.

Definindo política econômica.

O conjunto de ações planejadas e executadas pelo Governo com o objetivo de produzir um determinado resultado na economia recebe o nome de política econômica, e podemos classifica-las como política monetária, fiscal e cambial.

Política monetária ...

Quando o Bc (Banco Central) atua para aumentar ou diminuir a quantidade de dinheiro em circulação ele está fazendo política monetária. Mais dinheiro em circulação tende a aquecer economia, mas uma economia muito aquecida pode provocar inflação.

.... é o controle da moeda...

Então o BC, para manter a quantidade correta de dinheiro em circulação, utiliza alguns instrumentos como a taxa básica de juros, a taxa de depósitos compulsórios, (que é a quantidade de dinheiro que os bancos não podem disponibilizar), e políticas de crédito, facilitando ou dificultando o acesso a empréstimos.

..., mas com poucos resultados...

Como a inflação está em queda, o BC derrubou a taxa de juros no sentido de aumentar a quantidade de dinheiro na economia (aumentar a liquidez), mas como os bancos estão desconfiados, esse aumento da liquidez não está tendo o efeito desejado de fazer chegar mais dinheiro ao empresário e estimular a economia.

... poderia imprimir dinheiro.

Outro expediente que o BC pode utilizar é a impressão de dinheiro, o que encontra resistência por parte de muitos economistas, especialmente porque exigirá atuações para depois recolher esse dinheiro, evitando um descontrole nos preços.

Política Fiscal ...

A forma com que o governo arrecada e gasta esse dinheiro arrecadado é chamado de política fiscal (nada a ver com fiscalização e sim com fisco – imposto).

... como incentivo à economia...

Como forma de aquecer a economia o governo pode utilizar duas medidas; por meio de incentivos fiscais a setores específicos (alterando a tributação) ou, então, aumentando os investimentos em infraestrutura (aumentando os gastos).

... bom, mas ...

Aqui o problema reside no fato de que o governo já gasta mais do que arrecada (R$ 540 bi é o déficit estimado para este ano). Se diminuir os impostos ou aumentar seus gastos, esta conta ficará mais difícil ainda de fechar.

... trará problemas.

De imediato terá problemas com o teto dos gastos e no futuro, lhe faltará credibilidade para atrair investimentos externos e precisará pagar juros mais elevados para financiar uma dívida gigante.

Política cambial.

No Brasil adotamos o câmbio flutuante, cabendo à política cambial evitar variações muito bruscas na taxa de câmbio do que ser realmente um agente ativo de estímulo à produção.

Um olho no peixe...

O Governo precisa utilizar todas estas políticas de forma síncrona, mas o espaço está bem pequeno, portanto, erros nesta condução podem ser desastrosos.

... e outro no gato.

Atentos aos que defendem que o importante é o agora. Esta é a síntese da falta de planejamento e não há economia no mundo que possa prescindir dele.

Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.