Ocorrências climáticas pressionam estabilidade no preço da cesta básica
Valor médio da cesta básica de alimentos em Londrina ao longo destes 8 meses do ano foi de R$ 575,39, com uma variação média de 3,3%
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segunda-feira, 16 de setembro de 2024
Valor médio da cesta básica de alimentos em Londrina ao longo destes 8 meses do ano foi de R$ 575,39, com uma variação média de 3,3%
Celso Felizardo
O valor médio da cesta básica de alimentos em Londrina ao longo destes 8 meses do ano foi de R$ 575,39, com uma variação média de 3,3%, sendo que a maior variação para cima foi de 5,3% em maio e a mais baixa de 5% em julho.
O preço dos 13 produtos que compõe a cesta básica nacional tem se mantido bem-comportados neste período, no entanto fatores climáticos severos podem implicar em altas generalizadas nos alimentos.
Este tema foi colocado à mesa pelo ministro da Fazendo Fernando Hadad, que estima inflação dos alimentos para os próximos meses, embora Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária, pense ser muito cedo para estas conclusões.
Inflação dos alimentos...
A UTFPR, campus Londrina, por meio do Nucleo de Pesquisa Econômica Aplicadas – NuPEA, faz o acompanhamento mensal da variação de preços da cesta básica nacional, composta de 13 itens, capazes de alimentar um adulto pelo período de 1 mês.
... impacta demais consumos...
Esta informação é importante especialmente porque aflige diretamente as famílias de baixa renda que destinam uma parcela significativa de seu orçamento para a alimentação e uma elevação no preço dos alimentos comprometem outros gastos essenciais como saúde, educação, transporte e moradia.
... e batemos recorde...
E estamos vivenciando a maior seca já registrada no Brasil pelo Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais) dos últimos 74 anos, quando teve início sua série histórica e já está pressionando todo o ecossistema produtivo.
... de escassez hídrica, ...
A primeira consequência da estiagem é a queda nos níveis de água dos reservatórios das hidroelétricas, o que obriga a suprir a produção de energia com usinas termelétricas, mais caras.
... o que eleva custos da energia...
Esse custo mais elevado é transferido ao consumidor pela adoção da uma bandeira tarifária mais cara, que eleva o preço de cada 100 kWh em R$ 4,46 (patamar 1), mas se a situação se agrava esta tarifa pode subir para R$ 7,88 (patamar 2).
... e encarece a produção
Além de atingir diretamente o bolso do consumidor, este preço aumenta os custos de produção, processamento, armazenamento e distribuição dos alimentos, que resultará em preços mais altos para o consumidor, afetando especialmente produtos perecíveis.
Pressão sobre carne e leite...
A seca também está prejudicando fortemente a pecuária, pois a escassez de chuva reduziu a quantidade e a qualidade das pastagens, o que está afetando a alimentação dos animais e impactando o abate e a produção de leite.
... grãos e leguminosas, ...
Do lado dos grãos a situação também está comprometida e a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) já projeta queda de 21,4 milhões de toneladas de grãos em relação à safra passada, afetando especialmente soja, milho e feijão.
... hortifruti, ...
Os preços do tomate no mercado brasileiro subiram com parte da produção descartada devido à seca, que acelerou o processo de maturação do fruto e a irregularidade das chuvas prejudicou o desenvolvimento das bananas.
... e açúcar e etanol
Os incêndios e queimadas que atingem várias regiões, especialmente as zonas canavieiras de São Paulo trarão impacto no preço do açúcar e pode afetar também o preço dos combustíveis com o recuo na produção de etanol.
De estiagem às inundações...
E a previsão é que o clima seco dará lugar a chuvas intensas e acima da média previstas para outubro em decorrência do fenômeno climático ‘La Niña’, o que implicará em dificuldades para o plantio e colheita em culturas que já sofreram com a seca prolongada.
... mantendo pressionados os preços.
Parece haver um indicador forte de pressão inflacionária sobre os alimentos que compõe a cesta básica, o que exigirá atenção das famílias para equilibrar o orçamento doméstico.
Marcos J. G. Rambalducci - Economista, Professor da UTFPR