Teve início na segunda-feira (16), o Pix, novo sistema de pagamentos lançado pelo Banco Central, que traz enorme facilidade na transferência de valores e pode ser utilizado todos os dias do ano em qualquer horário e a operação leva menos de 10 segundos para ser concretizada.

O Pix foi lançado com o argumento de aumentar a agilidade do sistema financeiro, reduzir a burocracia e diminuir custos de transferência. Mas não é difícil concluir que esta solução abre as portas para mudanças muito mais impactantes que estas.

Adoção imediata ...

Por ser instantâneo e gratuito para pessoas físicas, ele substituirá o DOC e a TED, que levam mais tempo para ser processados e são tarifados. Nos três primeiros dias de liberado o Pix somou 5,2 milhões de operações e R$ 4,6 bilhões transacionados.

... e aumento da bancarização...

Se em 2019 eram 45 milhões de ‘desbancarizados’ no Brasil, ou seja, pessoas sem acesso a crédito e outros serviços financeiros, com o baixo custo e a facilidade das operações do Pix, somado a programas governamentais de auxílio a este contingente de vulneráveis sociais, teremos o maior programa de inclusão bancária já visto.

... dispensam o dinheiro em espécie...

Se todos pudermos realizar transações de forma imediata e sem custos ou custos baixíssimos, para que alguém quererá andar com dinheiro na carteira? Se pagamos o cafezinho, damos gorjeta e até o ofertório é feito pelo Pix, papel moeda deixa de ser relevante.

... e abre espaço para a moeda virtual

É o primeiro passo para a criação do Real Digital. Tal objetivo não é exclusividade brasileira. Os Bancos Centrais em todo o mundo caminham para ter uma forma digital da moeda, as chamadas CBDC - Central Banking Digital Currency.

Redução de custos...

Com custos muito menores, evitando a impressão das notas de papel ou cunhagem de moedas e sem o custo de transporte é natural que o Banco Central caminhe para a emissão de moedas virtuais, uma vez que as pessoas já não se interessem por manter dinheiro no bolso.

... e tecnologia disponível...

Na prática, os Bancos Centrais utilizarão a tecnologia blockchain para transformar as moedas nacionais em criptomoedas. Será uma revolução para o sistema financeiro e para a sociedade especialmente em termos de monitoramento.

... permitirão controle absoluto

Por meio da tecnologia blockchain — que grava toda e qualquer transação financeira - o BC saberá, a todo momento, exatamente quem e quanto detém em moeda e em qual carteira. A privacidade financeira será uma relíquia do passado.

Política Fiscal nas mãos do BC ...

Por saber exatamente quem detém quantos dígitos, e por estar ciente de toda e qualquer transação monetária o BC também terá o poder de tributar e redistribuir.

... e restrição aos Bitcoins

Com a abolição do papel-moeda, nenhuma transação ocorrerá em sigilo. Aqueles que quiserem manter sua privacidade e fugir da tributação terão de encontrar uma maneira de recorrer às criptomoedas privadas, mas penso que elas não terão vida fácil a depender dos governos.

Marcos J. G. Rambalducci, Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.