São muitos os empresários que reclamam das dificuldades enfrentadas para tomar empréstimo bancário devido à falta de garantias e a exigência de não terem pendências com o fisco.

No entanto, não há falta de dinheiro para socorrer a micro e pequena empresa, o que acontece é que o dinheiro não está chegando nas mãos de quem precisa, fruto do chamado ‘empoçamento de liquidez’.

A decisão do governo de lançar o Pronampe vem para tentar sanar o problema.

Velocidade para pagar uma dívida...

A liquidez é um conceito econômico que relaciona a velocidade e facilidade com a qual um ativo pode pagar – (liquidar) uma dívida. Ativo significa os bens, valores e créditos que formam o patrimônio de uma pessoa.

... determina a liquidez de um ativo

Um apartamento é um ativo que tem menos liquidez que títulos do governo, por exemplo. Você consegue mais rapidamente transformar os títulos em dinheiro e do que transformar um apartamento em dinheiro, para pagar uma dívida.

Crise derruba a liquidez...

O ativo de maior liquidez é o próprio dinheiro, já que é capaz de liquidar uma dívida de forma imediata. Mas em tempos de crise, como a que vivenciamos, o dinheiro fica mais escasso, ou seja, a economia perde liquidez.

... porque diminui a atividade

Isso porque medidas sanitárias visando impedir a propagação da Covid-19, levam a uma queda na produção e redução no consumo, que por sua vez leva a perda de empregos e fechamento de empresas. Tudo isso reduz a circulação de dinheiro e por consequência, leva à perda de liquidez.

Micro e pequenos precisam de socorro ...

Para evitar que os pequenos negócios quebrem, eles precisam de tomar dinheiro emprestado para ter capital de giro e se sustentar nesse período de pandemia, já que muitos tiveram de paralisar suas atividades com o isolamento social.

... que não chega para quem precisa

Mas se não houver dinheiro para ser emprestado, ou seja, a economia estiver com baixa liquidez, não haverá recursos para estas empresas. No entanto, não é por falta de liquidez que o micro e pequeno não tem acesso a crédito.

Um afrouxa...

O governo tem feito intervenções para aumentar a liquidez na economia, reduzindo a taxa de juros, diminuindo o compulsório e comprando títulos públicos dos bancos a fim de deixar mais dinheiro para as instituições financeiras concederem empréstimos.

... mas o outro segura

No entanto, os bancos com todos estes recursos, estão segurando o dinheiro com medo destas empresas não conseguirem pagar os empréstimos assumidos. Isso é o ‘empoçamento de liquidez’: existe dinheiro mas ele fica retido na tesouraria das instituições financeiras.

O governo como avalista...

Para sair deste impasse, o governo lançou mão de outra estratégia. Por meio de fundos garantidores, ele se torna o avalista das micro e pequenas empresas. Se elas não pagarem, o governo, a partir do dinheiro aportado neste fundo, fará o pagamento do empréstimos ao banco que o concede.

... lança o Pronampe...

O Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) é destinado a estas para operações de crédito que poderão ser utilizados para investimentos e capital de giro, de forma isolada ou associado ao investimento.

... para desempoçar a liquidez

Se a empresa tiver acesso a crédito neste momento de crise, ela pode deixar de demitir ou mesmo de quebrar e os funcionários que poderiam ter sido demitidos, continuarão empregados, mantendo sua fonte de renda e capacidade de consumo, fazendo a economia girar novamente.

Este é o primeiro passo para sair da crise – não permitir que o empoçamento de liquidez impeça o socorro às micro e pequena empresas.

Dr. Marcos J. G. Rambalducci, economista, é professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.