Em queda a utilização da capacidade produtiva da indústria local
Sondagem realizada mensalmente pelo Sindimetal Norte em parceria com a UTFPR junto a Indústria Eletro metalmecânica mostra ano desafiador
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023
Sondagem realizada mensalmente pelo Sindimetal Norte em parceria com a UTFPR junto a Indústria Eletro metalmecânica mostra ano desafiador
Marcos Rambalducci
Sondagem realizada mensalmente pelo Sindimetal Norte em parceria com a UTFPR junto a Indústria Eletro metalmecânica mostra ano desafiador.
Depois de um ano de crescimento e altos índices de ocupação da capacidade produtiva instalada, o setor perde dinamismo e há receio que as condições macroeconômicas acabem por impactar negativamente o resultado do setor.
Cálculo do nível de utilização...
O NUCI, acrônimo para Nível de Utilização da Capacidade Instalada é um indicador que revela o grau de ociosidade na planta produtiva de um setor. É calculado dividindo a produção realizada em determinado período pela capacidade produtiva total.
... ajuda a entender o setor...
É uma importante ferramenta de análise econômica pois permite avaliar a atividade de um setor. Se a utilização está alta demais pode significar necessidade de novos investimentos e baixa demais sinaliza menor atividade econômica, desemprego e elevação nos custos.
... e avaliar alternativas
Saber como está a atividade da indústria é fundamental para tomar decisões de investimento, políticas econômicas e estratégias de negócios, bem como identificar gargalos e é forte sinalizador quanto a movimentação nos postos de trabalho.
Iguais na produção entre janeiros...
Em janeiro de 2022 o nível de ocupação da Indústria local estava no mesmo patamar que o observado em janeiro deste ano - exatos 77%, ou seja, é possível ampliar a produção em mais 23% sem necessidade de novos investimentos.
... e nos indicadores intermediários
Também em termos de desligamentos de funcionários, algo corriqueiro para o segmento entre dezembro e janeiro em função das férias coletivas, os indicadores não variam muito. Nível de estoques também estão em linha.
Então... o que preocupa?
Vale lembrar que a Indústria é o setor que dá tração aos demais segmentos produtivos e dois pontos chamam a atenção e acendem uma luz amarela – a queda na dinâmica produtiva na comparação com os meses antecedentes a janeiro e as perspectivas macroeconômicas.
Desaceleração...
Os dois últimos meses do ano de 2022 apresentaram uma queda na produção industrial. Foram 2% a menos de utilização da capacidade instalada em cada um destes meses na comparação com o mesmo período de 2021.
... e fundamentos macroeconômicos
Além de entrar em 2023 com uma desaceleração mais acentuada, há uma forte apreensão do setor quanto ao impacto negativo que variáveis macroeconômicas podem trazer ao setor. A pesquisa levantou os principais pontos de apreensão:
Elevada carga tributária...
Os impostos sobre a produção industrial são o ponto de maior relevância para os empresários que veem no pandemônio tributário e nas altas taxas cobradas, o maior obstáculo para a competitividade do setor.
... escassez de insumos...
O segundo ponto de maior relevância está associado a falta de matéria prima e a consequente elevação dos preços, muito em função do desarranjo, ainda não superado, na cadeia logística mundial.
... juros elevados ...
O custo do dinheiro, seja para investimentos ou para fluxo de curto prazo, são a terceira maior preocupação da indústria, tanto porque são tomadores de crédito quanto porque seus clientes também o são.
... e queda na demanda
Fecha este panorama de apreensão, a queda nas vendas, que comprometem as margens de lucro e tendem a encarecer mais ainda a produção, já que os custos fixos se mantem inalterados.
Os desafios continuam
É preciso que seja implementada urgentemente uma reforma tributária decente e que o governo se comprometa com uma política que deixe de pressionar a inflação e permita a redução nas taxas de juros para que a preocupação da indústria esteja voltada unicamente para trabalhar e produzir.
Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.

