O Ibovespa encerrou o pregão de sexta-feira (16) abaixo dos 100 mil pontos contabilizando uma perda acumulada na semana de 4,03% enquanto o dólar ultrapassou a casa dos R$ 4,00.

Para quem, que como eu, previa que a aprovação da Reforma da Previdência, levaria a bolsa aos 130 mil pontos e o dólar para uma cotação próximo a R$ 3,65, estas notícias são desalentadoras.

Altos e baixos ...

Se o investidor crê que a economia vai melhorar, ele compra ações das empresas que imagina que terão mais lucros e isso faz com que estas ações subam. Isso vale nos dois sentidos.

... com reflexo no Ibovespa ...

O Ibovespa funciona como um termômetro do mercado acionário do Brasil acompanhando o desempenho médio de uma carteira composta das ações mais representativas e negociadas na Bolsa.

... e na taxa de câmbio.

No caso de o investidor vender suas ações, ele vai querer aplicar seu dinheiro em um ativo seguro e uma grande parte procura esta segurança comprando dólares. Por essa razão, quando as ações caem, em geral o dólar sobe.

Otimistas com a Reforma...

A aprovação da Reforma da Previdência ajuda o governo no controle de seus gastos, fazendo com que controle seu endividamento e por consequência, leve a redução na taxa básica de juros.

... porque reativa a economia...

Uma redução na taxa de juros diminui o custo do crédito, barateia os investimentos e aumenta as compras a prazo. Tudo isso é estímulo à produção, que gera empregos e renda, criando um círculo virtuoso.

... e atrai capital de fora.

O capital estrangeiro, vendo a possibilidade de lucrar, aporta recursos no mercado brasileiro, comprando ações de empresas e para isso vende seus dólares, fazendo com que a cotação desta moeda caia.

Faltou combinar com os outros.

Internamente o cenário caminhava para isso, mas uma série de circunstâncias econômicas externas acabaram minando nosso potencial de retomada.

Crise na Argentina...

Nosso maior parceiro comercial na América Latina, que já vinha em recessão, com a derrota do atual presidente nas primárias da eleição, teve a Bolsa de Buenos Aires com queda de quase 50%, o dólar disparou e o governo precisou elevar a taxa básica de juros a 74% ao ano.

... na China...

O maior parceiro comercial do Brasil reportou o pior desempenho industrial em 17 anos, muito em razão da função da guerra comercial travada com os EUA.

... na Alemanha...

Nosso maior parceiro comercial na Europa viu sua economia encolher 0,1% no segundo trimestre deste ano e está por um fio de entrar em recessão.

... Reino Unido, Itália, Rússia...

O Reino Unido encolheu 0,2% no segundo trimestre e se sair da União Europeia em outubro sem um acordo, possivelmente também entre em recessão. A Itália, 3ª maior economia da zona do Euro, bem como a Rússia, seguem a mesma tendência.

Japão, Coreia do Sul e Singapura.

O Japão, embora tenha crescido 0,4% no último trimestre, viu a demanda externa encolher 0,3 pontos porcentuais de seu PIB. A economia sul-coreana recuou 0,4% no início do ano e Singapura reporta que sua economia perdeu 3,3% no segundo trimestre.

Mais pressão sobre nós.

O cenário econômico mundial coloca mais pressão sobre nossa economia. Mas vamos fazer a nossa parte, porque uma crise de proporções monumentais é logo ali.

Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.