O dólar fechou no último dia útil de novembro (29) a 4,24, valor que representa uma valorização de 5,5% em relação ao real somente neste mês e, considerando o início de 2019, essa alta é de 11,6%.

Embora nominalmente este seja o maior valor já alcançado pela moeda americana, quando se corrige pela inflação, o recorde é de 2002, quando chegou nominalmente a R$ 4,00, que equivaleriam hoje a R$ 10,80.

E elevações no valor do dólar tem implicações para todos nós, em geral negativas.

O problema do câmbio flutuante...

O Brasil adota o regime de câmbio flutuante, o que significa dizer que o preço da moeda estrangeira oscila ao sabor do mercado.

... é que ele flutua.

Em outras palavras, se muitas pessoas querem a moeda estrangeira (neste caso o dólar) seu preço tende a subir. Por outro lado, se existe muita oferta de moeda estrangeira, o preço tende a cair.

E está flutuando para cima...

Ora, se ela está subindo é porque tem mais pessoas querendo comprá-lo ou o dólar está escasso no mercado – ou ambos.

... porque está forte a demanda...

Há um clima de incerteza, decorrente de dois fatores: falta de uma definição nas relações comerciais entre EUA e China e perturbações políticas em nossos vizinhos. Quem tem dinheiro aplicado aqui, está receoso.

... e fraca a oferta.

Por outro lado, a entrada de dólares pelo lado das exportações está bastante inferior ao que se previa e com a taxa básica de juros a 5% ao ano, há poucos investidores estrangeiros querendo trazer seus dólares para cá.

Vai afetar a cesta de Natal.

Os produtos importados como bacalhau e azeite vão ficar mais caros, idem para o trigo e para as viagens internacionais. Também os insumos utilizados na agricultura e na indústria sobem trazendo impacto sobre o preço final de todos os produtos.

Mas também tem coisa boa.

O dólar alto favorece as exportações já que nossos produtos ficam mais competitivos e isso tem potencial para criar mais postos de trabalho nos setores exportadores.

Flutuando ele se autorregula.

Com o aumento das exportações e diminuição das importações a tendência é que tenhamos mais ofertas e menos demanda por dólares, fazendo com que ele volta a patamares mais ajuizados. Esperemos que não demore muito.

Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.

Depois de 30 meses ininterruptos, esta coluna dará uma pausa. A você leitor e a toda esta equipe maravilhosa da Folha de Londrina, um Natal de muita paz e um 2020 repleto de realizações.