A expressão Tempestade Perfeita em economia é utilizada para descrever uma situação normalmente já considerada ruim e que é agravada por uma convergência de outros fatores que a potencializam.

Inflação em alta; juros subindo na tentativa de controla-la; desemprego acima de 14%; câmbio desvalorizado; acirramento da polarização política e uma crise hídrica com chances de culminar em racionamento elétrico, são os ingredientes para uma tempestade perfeita.

O Jornal Valor Econômico deste final de semana traz algumas informações relevantes para entendemos como a crise hídrica tem potencial para afetar a economia e derrubar o PIB de 2022.

Capacidade instalada respeitável ...

O Brasil superou em abril deste ano 1 milhão de KW de capacidade instalada de energia elétrica sendo 63% desta, produzida por hidrelétricas; outros 11% por energia eólica, 9% por usinas térmicas a gás e os 17% restantes entre usinas a biomassa, geração solar, térmicas a diesel, óleo e carvão, e usinas nucleares.

..., mas a maior seca em 90 anos...

No entanto, os reservatórios das usinas hidrelétricas, têm permanecido baixos, porque vivenciamos o seu período seco com menos chuvas desde 1930.

... esvaziou os reservatórios ...

Como as usinas possuem turbinas ligadas a geradores, que rodam impulsionadas pela pressão da água de um rio represado, o menor volume d’agua diminui a pressão e diminui a capacidade de gerar energia.

... e derrubou a geração das hidrelétricas.

Os reservatórios das Usinas Hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste, responsáveis por cerca de 70% da geração hídrica do país, operam com apenas 22,7% de sua capacidade de armazenamento. O sistema como um todo está operando com 30,7% de sua capacidade.

Necessário ligar usinas mais caras ...

Quando ocorre uma redução na capacidade de geração das hidrelétricas o Operador Nacional do Sistema – ONS, compensa esta perda ligando usinas terminas a diesel, óleo e carvão, que geram energia a um custo 10 vezes maior.

... com preço repassado ao consumidor ...

Para compensar estes custos maiores, desde 2015 é adotado o regime de bandeiras tarifárias que repassam ao consumidor esse aumento. Com bandeira verde não há acréscimo, na amarela o acréscimo é de R$ 1,874 por 100 kWh consumido, na vermelha nível um R$ 3,971 e vermelha nível dois R$ 9,492.

... e como política de racionamento.

E desde o dia 1º convivemos com mais uma bandeira tarifária denominada ‘bandeira de escassez hídrica’ que eleva para R$ 14,20 cada 100 KWh consumido. Além de servir para cobrir os custos da produção de energia mais cara também tenta ser uma medida de racionamento via preço.

Energia cara afeta todos os setores...

Energia elétrica é insumo que entra nos custos de qualquer produto. Em um momento que estamos vivenciando a elevação também dos combustíveis - outro insumo utilizado em toda a cadeia produtiva, teremos como consequência a elevação dos preços e queda na demanda.

... e deixa um gosto amargo na boca.

Queda na demanda em função da inflação, elevação da taxa de juros para tentar contê-la, e instabilidade política que afugenta investimentos, deixa uma perspectiva negativa para a economia e a impressão de que teremos que conviver ainda por um bom tempo com altas taxas de desemprego.

Mas não há tempestade que resista ao entusiasmo e ao trabalho.

A opinião do colunista não é, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina

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