A mídia nacional repercutiu o trabalho de mestrado no curso de Administração Pública e Desenvolvimento Internacional da Harvard Kennedy School of Government do economista brasileiro João Moraes Abreu em coautoria com a russa Katya Klinova, ela com formação em ciência da computação.

Não tive acesso ao original então me baseio nas informações que foram veiculadas nos jornais. Com o título ‘O Brasil precisa se preparar para a era da Inteligência Artificial?’ a pesquisa aponta que mais da metade dos brasileiros está em profissões que serão ameaçadas pela automação nas próximas décadas.

A pesquisa ...

Inspirada em trabalho anterior de dois pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que identificaram ocupações nos EUA que deixariam de existir em razão da automatização, a pesquisa foi replicada para o ambiente brasileiro.

..., o que considerou...

O estudo analisou os efeitos da robotização e utilização de outras formas de aplicação de Inteligência Artificial em 373 ocupações no País.

... e a que conclusões chegou.

44,5 milhões de profissionais dos setores formal e informal estão em ocupações com 70% de chance ou mais de serem automatizadas nas próximas décadas devido a utilização de técnicas já existentes ou tecnologias em desenvolvimento.

As profissões mais afetadas...

Motorista, auxiliar de escritório, vendedor de loja, vendedor porta-a-porta e operador de caixa são as ocupações que tem 90% ou mais de chances de deixarem de existir nos próximos anos.

... são as de menor escolaridade...

As profissões que empregam pessoas com menos escolaridade e se caracterizam por obedecer a uma rotina são aquelas que estão na mira de serem substituídas por robôs.

... e potencializam a desigualdade.

Por consequência atingem em cheio as classes de mais baixa renda e podem trazer como consequência o aumento da desigualdade social.

Por outro lado ...

Virando o foco, estudo do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), aponta que pelo menos 30 novas profissões em oito áreas devem surgir nos próximos anos, com o avanço da chamada Indústria 4.0 e, segundo pesquisa do Fórum Econômico Mundial serão 133 milhões empregos não tradicionais no mundo nos próximos cinco anos.

... isso não é novidade.

Convém lembrar que mais da metade dos empregos que existem hoje não eram sequer imaginados há vinte anos e basta uma olhada em séries históricas para identificar que a tecnologia cria muito mais empregos do que destrói.

O caminho é a qualificação...

O desafio nosso será o de qualificar e requalificar as pessoas para essas novas funções, o que inclui a melhoria do ensino e programas de atualização para profissionais que já saíram da escola ou da universidade.

... e não a objeção sistemática.

Não é inteligente combater a modernidade como fizeram os ludistas que, entre 1811 e 1812, contrários aos avanços tecnológicos daquela Inglaterra, protestavam quebrando as máquinas. O que precisamos é estar preparados para o desafio da transformação.

O presente está melhor que o passado e pior que o futuro.

Marcos J. G. Rambalducci, economista, é professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.