Os números divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED na semana passada (28) traduzem o bom momento da economia local.

Diferentemente de situações anteriores, em que era preciso explicar do porquê os dados do CAGED apareciam em sentido oposto aos dados divulgados pelo IBGE, agora eles apontam no mesmo sentido.

Na semana passada (29) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrava queda na taxa de desemprego no Brasil, que recuou para 9,3%. Mesmo em linha, vale lembrar que não medem a mesma coisa, embora revelem maior absorção da mão-de-obra.

Réguas diferentes ...

O IBGE faz uma pesquisa estatística que coleta seus dados por telefone, ligando para os domicílios dentro das Regiões Metropolitanas das capitais, buscando pessoas acima de 14 anos na condição de ‘ocupadas’, sejam com ou sem carteira assinada, com ou sem CNPJ, analisando o trimestre.

... medem coisas diferentes.

Já o CAGED é uma pesquisa censitária que coleta seus dados com base na informação de todas as empresas em todos os municípios do Brasil, buscando qual foi o número de admitidos e desligados durante aquele mês específico.

... e em regiões específicas.

Diferentemente dos dados do CAGED, o IBGE não fornece dados de Londrina, pois ela não está no grupo de cidades que fazem parte da coleta de dados, o que exigiria então uma pesquisa própria, o que não temos, pelo menos por ora.

3º melhor resultado semestral...

Os dados do CAGED revelam que Londrina encerrou o 1º semestre do ano com o 3º melhor resultado de sua história, perdendo unicamente para os dois semestres de 2021, com evolução de 4.028 empregos no 1º semestre e 4.021 no 2º semestre.

..., mas com mais méritos...

Nos primeiros 6 meses deste ano o emprego formal contabilizou evolução de 3.374 postos de trabalho com carteira assinada. O grande mérito desta evolução é que, enquanto nos semestres imediatamente anteriores, estávamos recuperando os postos perdidos com a pandemia, neste semestre foram criados novos postos de trabalho.

... e mais consistência.

Em todos os 6 meses do ano Londrina apresentou saldos positivos com média de 596 novos postos a cada mês. Dos 5 segmentos analisados somente a construção civil não apresentou revés em nenhum deles e a agropecuária o único setor a ter saldo negativo (-7) neste período.

Participação por segmento...

Do total de empregos gerados, 69,9% foram no setor de serviços, 17,7% na Construção Civil, 11,1% na Indústria de Transformação e 1,5% no Comércio. A agropecuária contribuiu negativamente com 0,2% dos empregos com carteira assinada.

... revela o bom momento da Construção Civil...

Embora represente apenas 5,8% do total de empregos formais em Londrina, sua contribuição é proporcionalmente 3 vezes maior, enquanto a Indústria e principalmente o Comércio tem contribuído proporcionalmente menos que sua participação na composição do emprego formal.

E a recuperação definitiva dos Serviços.

Em março de 2020, último mês antes de se instalar a crise provocada pela COVID, o Setor de Serviços contabilizava 77.176 empregos formais, contra os atuais 79.196, uma evolução de 2,65%, mostrando que, embora tenha sido o setor mais afetado pela pandemia e o último a se recuperar, seu pior momento já ficou para trás.

Os salários começarão a crescer.

O desemprego elevado, que aumenta o poder de negociação do contratante e o tipo de recuperação que por ora privilegiou os postos de trabalho de menor remuneração, levou ao achatamento do salário médio, mas agora, com taxas de desemprego menores e a demanda por profissionais especializados, levará a recomposição também do salário médio pago.

Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.

A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina.

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