O semestre terminou com a cesta básica de alimentos em Londrina, calculado pelo NuPEA, com média de R$ 484,83, valor 20,7% maior que no mesmo período de 2020 quando a média ficou em R$ 401,65.

O dólar, por sua vez iniciou janeiro de 2020 cotado a R$ 4,05 enquanto em 2021 começou cotado a R$ 5,19, uma diferença de 28%.

Parece claro a existência de uma relação direta entre câmbio e inflação, no entanto, pode não ser tão claro assim como é a transferência da variação do câmbio para os preços.

Adotamos o câmbio flutuante...

No Brasil já tivemos regimes cambiais de câmbio fixo e banda cambial, mas desde 1999 o país adota o regime de câmbio flutuante, o que significa dizer que o preço da moeda estrangeira oscila determinado por forças de mercado.

... e o preço estabelecido no mercado ...

Então o que determina a taxa de câmbio (em outras palavras - o preço do dólar), é a quantidade de dólares que pessoas e instituições estão querendo reter para si e a quantidade de dólares que está disponível para aquisição.

... é reflexo de nossa situação.

Se existe instabilidade econômica, taxa de juros pouco compensatórias ou fluxo menor de dólares para o país a moeda tenderá a subir, e foi o que aconteceu ao longo desta pandemia, a economia perdeu vitalidade e pessoas e instituições procuraram segurança no dólar fazendo seu preço subir.

Mas o mundo quer o que temos...

Por outro lado, a demanda mundial por commodities agrícolas e pecuárias (soja, milho, açúcar, café, carne) em que o Brasil é grande exportador, esteve em patamares elevados.

..., o que é bom para quem vende ...

Ocorre que, quem exporta uma saca de soja a US$ 30 com o dólar cotado a R$ 4 recebe R$ 120, mas se o dólar estiver cotado a R$ 5, por esta mesma saca de soja ele receberá R$ 150, ou 25% mais. Quem produz não se importa se vende para a China ou para você, mas vai querer receber o mesmo.

..., ruim para quem compra...

Já para quem precisa importar, a situação é inversa. Ele precisará gastar 25% a mais para comprar seus insumos, o que o levará a ter que aumentar o preço do que produz para o consumidor final.

... e péssimo para os preços.

Então, a taxa de câmbio elevada provoca alta nos preços tanto pelo lado das exportações quanto pelo lado das importações. São os dois lados da mesma moeda, é ótimo estar com as exportações em alta, mas isso eleva a nossa inflação interna.

Mas a roda gira...

A tendência agora é de queda no preço da moeda americana. Isso porque, com o aumento das exportações e a queda nas importações teremos grande oferta de dólares na economia, que é um movimento pendular normal, em economias com câmbio flutuante.

... e o capital estrangeiro volta...

Some-se a isso a retomada do investimento estrangeiro, que injetou R$ 48 bilhões na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) no 1º semestre de 2021. O resultado foi o melhor para o período já registrado no país, enquanto em 2020, houve a retirada de R$ 31,8 bilhões, o pior resultado da história.

... com promessa de estabilização.

Tudo isso nos leva a crer na queda da taxa de câmbio e consequentemente segure os preços no mercado interno.

Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.

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Os artigos publicados não refletem, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina.

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