A brilhante escritora estadunidense, Sylvia Plath, escreveu ao longo da maioria de sua curta vida. Com uma coleção razoável de poemas, diários, um conto e um romance considerado um dos mais importantes do século XX, Plath tirou a própria vida, aos 30 anos, antes mesmo de encontrar seu público leitor.

Enquanto viva e jovem, nas décadas de 1950 e 1960, a autora já sofria com depressão e sua literatura não era tão apreciada como nos dias de hoje. Ela lutou para que sua poesia fosse publicada e levada a sério e seu romance, um dos principais livros do século XX, que deu voz a uma geração inteira de mulheres, A Redoma de Vidro, só foi publicado após sua morte, em 1963 e foi encontrar seu público apenas na década de 1990, quando seus livros foram relançados e começaram a ser lidos como nunca antes.

No Brasil, foi na década de 1990 que também ela foi publicada pela primeira vez, Plath ganhou enfim um pouco de reconhecimento e desde então, sua obra completa vem se conectando com jovens, principalmente mulheres no mundo todo. A maneira aberta com que fala de sua feminilidade e dos desafios de seu sexo, além de tratar de maneira crua e íntima a depressão, faz com que Plath se conecte diretamente com a geração do milênio.

Ícone feminista para alguns, alma atormentada para outros, mas um mestre da escrita para a maioria dos leitores que encontram em sua voz palavras honestas e genuínas, não há como negar que o melhor momento de Sylvia Plath é o século XXI, há quase 60 anos após sua morte, sua literatura perdura e a faz imortal.

Além de A Redoma de Vidro, em 2017, os diários de Sylvia Plath foram lançados em ordem cronológica pela primeira vez no Brasil, pela Biblioteca Azul. Com um compilado de textos de 1950 a 1962, um ano antes de tirar a própria vida, foi um sucesso de vendas e não sai do catálogo da editora. O conto que escreveu aos 20 anos, em 1952 - cujos rumores dizem que muito pouco antes de sua primeira tentativa de suicídio -, Mary Ventura e o Nono Reino, inédito no mundo todo, foi lançado pela primeira vez em janeiro deste ano (em agosto no Brasil, também pela Biblioteca Azul) e é um dos livros mais falados do ano. Segunda a revista americana Vox, é o precursor de A Redoma de Vidro, a história que deu início ao que seria futuramente o legado de Plath.

A Redoma de vidro chegou a ficar 15 anos sem ser reeditado no Brasil, até que a editora Biblioteca Azul relançasse o livro criando mais uma legião de fãs da autora. Em 2019, o livro ganhou uma segunda edição em menos de cinco anos. Além de um livro de contos (‘O Livros das Camas e Outras Histórias para Crianças’, Biblioteca Azul, 2016), um de desenhos (‘Desenhos, Biblioteca Azul, 2014), seus diários (Diários de Sylvia Plath, Biblioteca Azul, 2017) e seu último conto inédito (Mary Ventura e o Nono Reino, Biblioteca Azul, 2019).

Segundo uma publicação do jornal O Globo, Plath não é um fenômeno de vendas, mas sempre é relançada e reeditada, sendo lida e apreciada a cada geração que entra em contato com seus livros pela primeira vez e seus livros são uma aposta sólida para as editoras, pois as vendas são sempre garantidas.

De toda a obra escrita de Plath, ainda existem muitos contos e poemas não publicados no Brasil, que são ansiosamente aguardados pelo seu público leitor fiel, que aqui, como no mundo todo aguarda pelas palavras da escritora que não teve medo de expor seus sentimentos mais lindos, feios e trágicos em sua obra. Abrindo-se para o mundo, sem receber nada de volta. Ainda bem que, em algum momento, sua chance de ser eternizada apareceu, mesmo que quase meio século depois de sua morte, Sylvia Plath teve uma segunda chance.