O mercado editorial nunca foi o mais favorável no Brasil, principalmente para editoras e escritores independentes. Com as notícias do fechamento de muitas publicações em uma editora do tamanho da Abril e a triste confissão de um autor como Lourenço Mutarelli, em entrevista à Folha de S. Paulo, de que “dar certo com livro no Brasil é muito triste”, é difícil ser otimista.

Ainda assim, algumas editoras e livrarias independentes continuam seu trabalho e não desistem de se colocarem no mercado, lançando seus produtos como podem, funcionando com um número muito pequeno na equipe e usando a internet como aliada na divulgação de seus catálogos.

Em Londrina, a editora Madreperola não é diferente, criada por Rafael Silvaro, formado em Letras Vernáculas, pela Universidade Estadual de Londrina, a editora lança autores de todo o país, aqueles que não tem espaço nas grandes editoras comerciais são os maiores sucessos da Madreperola. Combinando forma e conteúdo, para Rafael, cada livro merece um cuidado próprio, e o conteúdo sempre é o principal, por isso, cada projeto gráfico é pensado de acordo com o que foi impresso.

Em São Paulo, uma das principais ruas de Pinheiros, a Arthur Azevedo, conta com um cantinho um pouco parecido. A Livraria Acervo, de Josué de Assis, é um símbolo de pequeno negócio e livraria independente. Desde 2005, a Acervo funciona em um espaço físico, mas Josué é livreiro desde o fim dos anos 90, quando estava na faculdade.

Para ele existem sim desafios, já que no Brasil, a ideia de ser pequeno é sinônimo de fracasso, o que nem sempre é o caso. “Parece que só agora as pessoas estão começando a ver que não é bem assim. Às vezes você é pequeno porque não pode ser grande, mas isso não significa que seu negócio é falido. As pessoas começaram a ver o valor do pequeno negócio, estão valorizando mais as livrarias de bairro”, afirma.

A Livraria da Silvia, única livraria comercial independente de Londrina, é um símbolo dessa resistência. Com um público consumidor específico, ela sofre um pouco mais com o mercado de uma cidade não tão grande como São Paulo, na qual até as livrarias de grandes redes estão sentindo o baque. Silvia Liberatore, que decidiu abrir a livraria após se aposentar, consegue se manter devido a fidelidade de parte dos consumidores de literatura londrinenses, que dão prioridade a apoiar um negócio local. A livraria funciona dentro de uma casa de coworking, em um espaço pequeno, mas aconchegante, com livros do chão ao teto. Silvia é uma das únicas que abre seu espaço para que escritores de Londrina coloquem seus livros nas prateleiras da livraria, com um espaço reservado e destacado para eles.

E se a crise do mercado editorial é desanimadora para os consumidores e amantes dos livros, procurar conhecer esses espaços independentes e pessoas que tentam resistir à grande competição, dando espaço para novas vozes e abrindo suas portas para além do que fazem as grandes editoras e redes de livrarias, traz esperança pela prosperidade da literatura no Brasil.