Dos problemas imediatos a enfrentar, o que mais gera expectativas é como serão as celebrações do 7 de Setembro. Percebe-se que a oposição está perplexa e que as iniciativas maiores serão as do governo, principalmente as palavras de ordem de Bolsonaro, que não usou o latim, que dá mais empostação à frase, alusiva à pax romana "se queres a paz, prepara-te para a guerra" ou "se vis pacem para bellum". A fuga à pompa visa uma interpretação mais rústica do recado. Em São Paulo, Doria tinha cedido a Avenida Paulista aos bolsonaristas, por terem feito o pedido antes, e em seguida uma decisão judicial determinou que os dois lados devem utilizá-la.

Isso obriga obviamente a pensar em segurança com medidas excepcionais. Enquanto isso o parlamento debate o Código Eleitoral em renovação com algumas medidas para pior, como a de criar "quarentenas" a diversas categorias e estabelecer praticamente a censura às pesquisas eleitorais, em campo a paranoia de que elas induzem o eleitor.

Inflação e imóveis

Em meio à inflação em alta há indicadores consistentes de reação no mercado do segmento imobiliário. Não são desprezíveis as construções concluídas e as em andamento principalmente na capital, mas também nas cidades médias. Em Curitiba o número de imóveis lançados cresce 52,6% e o m2 da cidade chega a R$ 15 mil. Aposta-se muito na capacidade geradora de empregos. Por sinal que em meio aos dados ruins, como aquele do recuo da economia no segundo trimestre em 0,1%, houve também o informe de que a taxa de desemprego chegou a 14,7% e caiu para 14,1%. Por sinal que o setor de serviços deu um salto para 0,7%. Num ranking de 48 países, o Brasil é o 38º em PIB. Se fosse com a seleção daria choradeira.

Qual bandeira

Estamos nos tempos das bandeiras, a da energia elétrica, e essa para ajudar no controle da pandemia. A tendência, em que pese os sinais de redução de mortes e casos, é de manter as restrições, prorrogando-as. Na última semana houve 1.900 casos de Covid na rede escolar, a variante delta corresponde a 96% das amostragens no Rio, a OMS (Organização Mundial de Saúde) sugere que o propalado reforço priorize os imunodeprimidos. Entre segunda e terça tivemos 882 óbitos e 26.759 infecções em 24 horas. Segue como background de tudo o que se cogita o debate sobre a origem do coronavírus, ainda um mistério. No mapa brasileiro com os níveis de contaminação o Paraná volta a apresentar-se em queda de ocorrências. Ainda sobre bandeiras: o governo criou uma nova e conta de luz terá aumento extra de 6,78%. Risco de racionamento deve pressionar mais a inflação.

Terror

O ataque de gangue a Araçatuba tem tudo de terrorismo: os bandidos deixaram, como se fossem "minas", 93 explosivos em meio a roubo a bancos e num deles um ciclista perdeu os pés e os dedos das mãos, acreditando que fosse um celular. Até agora a polícia prendeu três suspeitos da ação que deixou três mortos.

Coaf

O Coaf em cena novamente no caso do deputado Ricardo Barros, que fez movimentações incompatíveis com o patrimônio, e no de Carlos Bolsonaro, cujos sigilos, bancário e telemático, foram quebrados pela justiça carioca.

Recurso

Senadores recorreram ao STF contra a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que arquivou denúncia contra Augusto Aras, PGR.

Censo

No orçamento em discussão no Congresso houve a previsão de R$ 2 bi para o Censo, mas IBGE chia e diz que é insuficiente. O salário mínimo estimado em R$ 1.169, segundo analistas, deve subir ou ao menos incorporar a inflação.

Folclore

Ataques de leve do governo em cima das discussões sobre manifestos como os da Fiesp e de Febraban revelaram a fragilidade das organizações empresariais, que aliás quase sempre se mostram submissas, conscientes talvez dos seus pecados.

As opiniões do colunista não refletem, necessariamente, as da FOLHA