Celebrávamos ontem os feitos da vacina Oxford, com sinais positivos no Reino Unido e as perspectivas da vinculada ao laboratório chinês associado ao Butantan, quando tivemos por aqui exemplo de um mal sem cura com um juiz dando um carteiraço num guarda urbano na praia de Santos ao ser flagrado sem a máscara obrigatória. É o nosso problema de raiz da ordem de castas que acreditávamos ter chegado aos seus fundamentos com a Lava Jato, hoje condenada e com baixa perspectiva de reversão ante suas próprias falhas e também a campanha que sofreu das forças da corrupção e, sobretudo, da esmagadora maioria da classe política.

Da mesma forma que assistimos à reação da magistratura contra a derrubada do auxílio-moradia, e isso em plena ação contra a corrupção e a impunidade, deu para captar os limites daquela situação nova, reafirmados no próprio Poder Judiciário na derrubada da prisão pós decisão de segunda instância, que acabou premiando figuras do primeiro time apanhadas com a mão no jarro.

Se não chegasse no Judiciário, onde encontrou resistências como essa que dá apoio ao compartilhamento à PGR de dados da força-tarefa, apenas consolida a ideia de que retornamos, em matéria de costumes, ao patamar de sempre, ao velho normal.

Reforma complicada

Somos uma federação no texto, na prática uma república, se é que existe, unitária em termos de tributos. Ameaçamos mudá-la, embora perdendo a melhor das oportunidades no debate constituinte de 1988. Há uma perspectiva de que prevalecerá de novo uma ameaça pelo fato de não haver clima para um reordenamento tributário que não seja o do gosto do governo e isso é tão visível que a CPMF, agora com roupagem pop, antes fulminada pelo presidente e ora transformada num consenso. Apesar da história amarga da primeira, que prometeu ao médico Jatene voltar-se para a Saúde e valeu-se do seu timbre para impor-se, agora já vinculada a gastos de segmentos impostos como prioritários. Ela vai desdobrar-se em fases como a união PIS-Cofins ensaiada por Paulo Guedes e seguida de outras como desoneração de folhas de pagamentos e lá no fim a cereja do bolo com o imposto sobre transações digitais.

Não abre mão

Ratinho Junior esperou contar com a boa vontade dos deputados para a redução em 2,95% na participação do Legislativo no orçamento, mas a Casa impôs os 3,1% do qual abre mão nas transferências dos cheques gigantes desde o tempo de Beto Richa. Agora, até por estar com a pauta frouxa, tratou de antecipar de 10 de outubro para 1º de agosto a eleição da Mesa com jeitinho de repeteco.

Folclore

Argumento da guerra fiscal para atrair montadoras era a geração de empregos. Agora com a queda nas vendas (as da Renault em 47%) em função do quadro recessivo, a empresa corta 800 vagas, algo que o acerto de protocolos mal provia por não ser educado pautas sinistras em acordos feitos com tanta alegria.