Um caso endógeno
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quinta-feira, 12 de março de 2020
Luiz Geraldo Mazza
Há crença de que a eleição municipal, mormente na capital, será bem disputada e com ingredientes tóxicos do pleito nacional. Na capital era imaginada como possível uma reprise do segundo turno da eleição passada entre Rafael Greca e Ney Leprevost, pelo menos na mente de ambos. Há em andamento uma operação para tirar Leprevost da parada, o que se partir do governo pega muito mal na questão da lealdade, embora em política o pragmatismo seja sua regra de ouro. O prefeito leva as vantagens das obras que desenvolve e que são fartamente divulgadas e percebe-se que a entrada de Requião no páreo, pelo menos até agora, não produziu os ruídos esperados e o potencial de Gustavo Fruet não aflorou. Como teremos chispas ideológicas esperava-se que a direita do momento estivesse mais expressa e sincrônica ao bolsonarismo em Francischini. Conforme o tom, se isso ganhar escala, pode beneficiar Leprevost na postura conciliatória, e Requião e Fruet na contestação, esses dois sem punch aparentando fim de carreira, a despeito do desempenho razoável desse como deputado. Talvez o conflito, se houver, fique reservado para a convenção do PSD. Endógeno, portanto.
Reação tardia
A volta ao cenário depois do trabalho negativo da vaza jato por parte de Deltan Dallagnol (o mais visado pelo Intercept) chega fora de hora. Não manteve durante as contestações a postura de luta e com isso permitiu que as quebras de rituais fossem vistas como nefando crime, pior do que o atribuído à fauna política, uma clara distorção.
Com isso a luta contra a corrupção está severamente prejudicada, apesar dos seus inegáveis feitos. Ademais colocar o Congresso e o STF como alvo maior das críticas só consegue engrossar a linha bolsonarista em cima das marchas do dia 15, o que convenhamos nada tem de sutil.
Pico do vírus
Projeções indicam que em duas semanas e meia teremos um crescimento de casos de contaminados pelo coronavírus, e o Ministério da Saúde alerta hospitais - os de excelência de São Paulo - que se valham de recursos e pessoal envolvidos em projetos do SUS ao enfrentar a epidemia. Registros decolarão exponencialmente conforme previsões e se manteriam num platô por mais dois meses. A primeira batalha a ser vencida é a da informação, e convenhamos que as coisas aí não são muito boas.
Provocações
Cada dia mais de uma provocação: o presidente acha que o coronavírus não é isso tudo que a mídia difunde e voltou a insistir que sua eleição foi fraudada, o que pelo menos houve reação do TSE, alertando que nunca se confirmou esse tipo de suspeita.