A postura, pós derrota, de Bolsonaro lembrava em tudo a de Trump: a demora em reconhecer o resultado, a arregimentação dos caminhoneiros no bloqueio das estradas estava distante da invasão do Capitólio, mas deixava claro o inconformismo. A vitória de Lula é inquestionável a despeito daquela ação da Polícia Rodoviária Federal dificultando o acesso dos eleitores às urnas. Agora a PRF promete ir à justiça pelo desbloqueio, o que pode não alterar o cenário constrangedor. Vários países reconheceram a vitória de Lula, bem como os comandos do Senado, Câmara e Poder Judiciário. Faltava, em todo ritual, o reconhecimento da derrota pelo presidente. Um fecho bem ao estilo bolsonarista-trumpista.

Pleito exemplar

No mais concorrido dos pleitos a vitória de Lula por dois milhões de votos é expressão da mais rígida competição. À proporção que a votação era referida, percebeu-se que Lula ultrapassou Bolsonaro na septuagésima apuração, em Minas, e nos dados gerais para não mais perder posição. Aí foi o momento de confrontar as tendências indicadas pelas pesquisas e a dramaticidade dos números apurados. Captou-se que um instituto de menor porte, o Paraná Pesquisas, de Curitiba, que com seus 50,4% para Lula e 49,6% para Bolsonaro mais se aproximou dos números reais, que foram 50,9% a 49,1%. A diferença de quatro e seis pontos ficou extremamente distanciada do que se apurava. Pelo jeito as pesquisas permanecerão, embora o clima de caça às bruxas, no qual envolveram até o Cade, o que põe a seriedade daquele organismo em xeque.

Abusos

Entre os abusos, fora aquele comuníssimo do emprego da máquina, tivemos o do patronato sobre seus empregados no assédio eleitoral. Na capital houve nada menos de 34 denúncias do abuso ao Ministério Público do Trabalho entre sábado e domingo. Se as providências jurídicas foram tomadas será um belo efeito civilizatório. As 560 operações da Polícia Rodoviária Federal, a maior parte no Nordeste, 24 delas aqui no Paraná, devem também ser processadas. E deve-se elogiar a postura do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, que não aceitou a prorrogação do horário das votações para compensar os bloqueios que teriam impedido eleitores de votar. Tanto essa quanto à outra atitude de não dar compensação a suposto bloqueio de inserções da propaganda eleitoral nas rádios, não alimentando crises.

Front

Andam escasseando informes sobre os registros da Covid, o que não é um bom sinal, como já alertaram epidemiologistas. No Paraná, tivemos 92 casos de contaminação e nenhum óbito. Uma informação relevante: tratamentos indicados por médicos durante a pandemia se mostraram falhos para evitar coágulo pós-Covid.

Reajuste

Apesar das dificuldades que têm impedido o governo do Estado não dar reajuste a funcionários, a prefeitura de Curitiba anuncia um aumento de 7,17%, o que pode ser feito em função de sua situação fiscal menos penosa. No estado a APP Sindicato e o Fórum dos Servidores engatilharão movimentos, a velha questão da data-base.

Vendavais

A Marinha fez novos alertas sobre o risco de vendavais de até 75 km/h para toda a região.

Sábios

Os mais tristes não são os mais sábios, conforme estudo pelo The New York Times, e que contesta estudo de 1979 que havia concluído que pessoas deprimidas tinham uma visão mais realista sobre suas condições.

Isolamento

É bem do estilo oscilante de Bolsonaro o seu isolamento e a demora em aceitar o resultado, posto que isso seja menos complicado do que cumprimentar o vencedor. Mesmo sendo o primeiro a perder a reeleição, sabe-se que não sairá de cena, o que o faz, desde já, um pré-candidato à sucessão em 2025. O bolsonarismo também tem tudo para ficar como linha comportamental. De cara já levaria uma vantagem ante a promessa de Lula de não defender a própria reeleição.

Primeiro

Eduardo Leite, primeiro governador reeleito até hoje no Rio Grande do Sul, quase ficou fora do primeiro turno e surpreendeu pelo tamanho da virada.