Timidez perdida

A luta contra a corrupção mostrou que o Paraná perdeu a timidez, tanto para a falcatrua como para as artes da investigação e da punição. Muita gente nossa dos dois lados é a evidência clara de que deixamos os constrangimentos de lado e foi a justiça daqui que devassou meandros do crime do colarinho branco que de certo já estivera presente no escândalo das CC5 do Banestado, treinamento de Sergio Moro para os feitos do petrolão, felizmente, como se viu ontem nas ações da Polícia Federal, ainda em pleno e vigoroso andamento.

Continuamos acanhados em ação política e muito distante do vivido com o neysmo com uma sequência de bons governos interrompida pela chegada do PMDB e a presença forte do governo federal em função da capacidade interna de fazer projetos como o das rodovias de baixo custo, aqui bolado sob Canet Júnior, e transformado em modelo pelo Banco Mundial.

Agora o governo, através da Controladoria Geral, proibiu três concessionárias do pedágio- Ecovia, Rodonorte e EcoCataratas - de participarem de novas licitações em função de processos administrativos e judiciais. A força-tarefa da Lava Jato apresentou à Justiça também as razões finais do processo que pede a condenação de 14 pessoas da Econorte.

No vermelho

Dos setores sociais, a saúde no Paraná é o mais vulnerável. O primeiro sinal está nos postos, nas Upas em sobrecarga e subordinadas, nas grandes cidades, a frequentes disputas entre prefeituras e sindicatos de médicos contra a terceirização de serviços por Ongs ou organizações civis de interesse público. Os mais de 5 mil casos de dengue (e a evidência de que pelo menos 15 cidades estão em epidemia) são a mostra rotineira de gestão falha. Repete-se aqui a deficiência no setor preventivo, na ação profilática, notório na falta de vacinas como se viu em surtos de sarampo.

Só falta ocorrer um caso de pandemia para que se acione o alarme. Dengues e suas sequelas em cidades de médio porte podem gerar o pânico, tal qual se deu em Paranaguá. Por sinal que no país o registro de dengue até o início de dezembro chegou a 1,527 milhão de notificados.

Ecoturismo

O segmento que está a exigir maior rigor é o dos nossos parques, alguns deles interditados à visitação quando se sinaliza o risco de febre amarela ou patologia suscetível de contaminação. O recorde de visitações ao parque nacional do Iguaçu, que marcou ano passado um milhão de turistas, é um exemplo de que a exploração privada pode ser frutuosa. Desde os anos 60, século passado, fala-se em concessões para Vila Velha que se pretende levar avante agora. Ali havia um projeto de museu geológico centrado no fato de que aquela região é um documento vivo da teoria da migração dos continentes, tanto que sua rocha matriz é a mesma da África, a que estava ligada. O governo estadual, ao transformar a sua tv em instrumento de turismo, mostra o senso de prioridade que dá a essa migração qualificada. Entre as práticas novas, a de fazer do porto um ponto de parada, como já houve recentemente, para fluxos qualificados de turismo na escala devida.

Domar a fila

Em fins do ano passado havia 2,3 milhões na fila de espera do INSS, consequência natural de um acúmulo mensal de 900 mil novos requerimentos de benefícios sociais e previdenciários. O governo cogita de uma segunda força-tarefa em seis meses para resolver o impasse. E aqui no Paraná Reinhold Stephanes acredita que o funcionalismo aceite estímulos para não recorrer à aposentadoria. O desconhecimento claro das novas normas confunde os interessados.

Carne baixa

O Disque Economia da prefeitura da capital anunciou que dos 15 tipos de carne bovina 12 baixaram de preço, mas aves e suínos subiram. Queda é pequena diante dos preços vigentes em dezembro, mas indica uma tendência. Como se vê os sucedâneos, com demanda aquecida, acabaram subindo também.

Pano pra manga

Justiça carioca (desembargador Benedicto Abicair, do TJ) determinou a retirada do ar do especial de Natal Porta dos Fundos que faz irreverências com figuras religiosas. A decisão reaviva o clima de confronto em torno de manifestações culturais agravadas com o ataque à sede do grupo com coquetéis molotov.

Folclore

O tabelamento dos juros do cheque especial afronta o sentido da proclamada adesão do governo Bolsonaro ao liberalismo econômico. Não custa lembrar que um dos maiores tratadistas liberais, Galbraith, na recessão americana dos anos vinte no estouro da bolsa, era encarregado, ironicamente, dos tabelamentos de preços. Quem sabe já estejam vendo a nossa situação em ponto mais grave.