Tensão não superada

É visível que o desconforto do ministro Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, persiste a despeito das manifestações de apoio em massa havidas no dia d, inclusive com ofertas do posto em pastas estaduais. Todo o cerco montado pelo presidente nos últimos dias dá a entender que há resíduos fortes pela demissão e percebe-se que aliados mais engajados não assimilaram bem o recuo, já que encaram o fato na perspectiva ideológica que cultuam.

De outro lado, as divisões internas no governo se acentuaram entre seus núcleos "duro" e o moderado, que afinal minam a capacidade de decidir do presidente.

Flexibilização

A hipótese de afrouxamento nas medidas de contenção e isolamento a partir da próxima semana pelo Ministério da Saúde aparenta amaciar o conflito com o presidente, todavia está longe de ser suficiente para restabelecer o convívio. A ruptura é uma questão de tempo, e entre substitutos possíveis há aqueles opostos à quarentena, defensores do isolamento vertical como o deputado federal Osmar Terra, ou adeptos do uso da cloroquina na terapia, um outro discurso, outra doutrina e carga pesada de ideologia.

Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Rodrigo Maia, estiveram na linha de frente na defesa de Mandetta e houve o temor de represálias legislativas a interesses do governo. No tumulto a frase de Maia: "o presidente ouve mais as redes sociais do que o Congresso" para dar mais molho picante na controvérsia.

Baixando a guarda

A cogitação de que na próxima semana o Ministério da Saúde flexibilizará o isolamento, em que pese decisão em contrário do governo paulista com mais 15 dias de quarentena, tem animado alguns municípios no afrouxamento das restrições. E pelo jeito o ocorrido na segunda-feira, com a movimentação em bancos e lotéricas, pode abrir um ciclo, daí ser possível um apelo ministerial para que não se baixe a guarda. Com 21 novos casos no Paraná e quatro mortes há indicações de cautela. No país há mais de 12 mil casos da doença e de 553 mortes, 24 delas nas últimas 24 horas. No lado do endurecimento há a determinação de São Paulo de botar polícia na rua para impedir aglomerações.

Ensino à distância

Até em meio à pandemia, temas administrativos provocam atritos nas sessões remotas do legislativo, como se dá com a questão do ensino à distância que a oposição reclama falta de planejamento e pede a redobrada atenção do Ministério Público para a preservação da qualidade do ensino público. O coronavoucher, do Fundo de Combate à Pobreza, adotado por Ratinho Junior, de R$ 50 (até dois por família) a grupos vulneráveis complementa ações federais. Em recente sessão o deputado Requião Filho pediu a retirada da Substituição Tributária durante a crise da Covid-19, assunto de alta complexidade.

Folclore

Paulo Ildefonso Assunção, procurador de Justiça em Londrina, num congresso estudantil propôs que se desse 50% da tarifa em transporte coletivo a estudantes e aí Silva Thé, da esquerda, emendou a proposta com a baixa de custo funerário dos estudantes. E debochado argumentou: "o colega Paulo se preocupa com o transporte em vida e eu, que não defendo o primado do espirito, me ocupo do transporte depois da morte".