Sinais controversos

A prévia do PIB (IBC) marcou 0,18% em novembro, e no acumulado do ano 0,95%, quando a expectativa era de números negativos. Cintilações dos sensores têm sido, de um modo geral, animadoras, ainda que insuficientes para assegurar o tão aguardado ciclo virtuoso. E é nesse front que o governo federal aposta as suas fichas.

O cenário americano dá ideia do que pode suceder aqui: melhora na economia (um dos maiores níveis de emprego da história) neutraliza o impeachment e qualquer outra adversidade, ainda mais quando reforçada no campo diplomático com a prévia de acerto de tarifas com a China.

Como ocorreu com FHC no Plano Real, a resposta virá da economia e abrandará o tom perverso das deficiências sociais. As circunstâncias favorecem mais o presidente do que a sua ação pessoal intensamente contraditória e voltada para a ideologia numa versão tosca mas eficiente para o tipo de aliado. Um porre doutrinário pouco estético, mas eficaz.

Essa notícia, a da prévia do PIB , veio depois de uma levemente negativa sobre as vendas abaixo do esperado, mesmo com o reforço do Black Friday em novembro.

Desengajamento

Lembro aqui no Paraná do esforço da Sagmacs (Sociedade de Análises Gráficas e Mecanográficas Aplicadas aos Complexos Sociais), que seguia a doutrina do padre Lebret e fazia um plano trienal para o governo Ney Braga em 1962, do empenho dos seus agentes na sindicalização ou em cooperativismo, no engajamento, enfim, da sociedade. O momento que vivemos é o contrário: de aberto desestímulo como o demonstrou o jornal "Bem Paraná", com dados do IBGE, revelando que apenas 11,2% dos seus trabalhadores se ligavam a algum sindicato. Em 2012, por exemplo, o número era menos desolador: 17,9%.

As mexidas com a reforma trabalhista e os fatores que precarizaram o trabalho, a extinção do Imposto Sindical, a fragilidade das centrais sindicais obrigadas à demissão em massa dos seus quadros funcionais, tudo isso leva à consciência de que é preciso, por esponte própria, mudar esse quadro e sem vínculo com o governo, que sempre foi seu tutor, como o é de outras organizações como a UNE e suas correspondentes estaduais e municipais. O fato é que com tão baixa representatividade fica até ridículo botar banca na condição de delegado da massa obreira.

Tudo demora

Como as reformas que demoram e vêm aos pedaços, também a entrada do Brasil na OCDE durará pelo menos três anos e isso depois de iniciado o processo formal como regra três da Argentina. Se fosse preciso ficar rico para entrar no clube dos ricos demoraria muito mais, talvez a eternidade.

Das coisas que mais preocupam o governo nada o aflige mais do que a fila das pensões e aposentadorias que enfrenta com soluções de emergência como a convocação de 7 mil militares da reserva e servidores de outras instituições como a Dataprev, isso tudo afinal opera como caricatura negativa da reforma tão badalada. Para atender demanda que já supera dois milhões de pessoas não é brincadeira.

E para completar a agenda de adiamentos há agora a do ministro Dias Toffoli, presidente do STF, de mais seis meses para implantar o juiz das garantias, enquanto nos bastidores pega fogo a disputa entre os favoráveis e contrários à novidade entre associações de juízes, Ministério Público e advogados.

Paranoia

Segundo a "Folha de S.Paulo", o governo de João Doria se vale de medidas policiais e judiciais para reprimir protestos e evitar um novo junho de 2013. 1964 também foi uma ação preventiva que deu no que deu. A história, como se viu naquela contenda entre Marx e Hegel, só se repete como farsa. No Brasil é visível que temos mais farsa que história.

PDT linha dura

No plano nacional o PDT processou parlamentares que votaram contra a linha oficial e o mesmo se dá em Curitiba com os vereadores Toninho da Farmácia e Zezinho do Sabará. O parecer do Conselho de Ética é pela expulsão por integrarem a base de Rafael Greca de forma sistemática e o parecer será julgado pelo diretório municipal em fevereiro.

Folclore

O jornalista Caco Lacerda iniciou ofensiva contra Anibal Curi e este ampliou um texto do crítico, altamente favorável, e o botou em destaque no gabinete. Pensou que tinha desnorteado o novo adversário, que ao saber da manobra lembrou que elogio tem prazo de validade que nem bula de remédio.