Londrina terá nesta segunda-feira (6) o primeiro dia útil de quarentena “mais severa” decretada pelo governo do Estado. A medida vale para toda a 17ª Regional de Saúde, o que engloba mais 20 municípios da região, para controle do coronavírus. Outras seis regionais (Cornélio Procópio, Cianorte, Toledo, Cascavel, Foz do Iguaçu e Curitiba) também deverão respeitar a determinação estadual e fechar comércios, shoppings, galerias, academias e salões, entre outros serviços.

Imagem ilustrativa da imagem Sem resposta, Londrina entra em quarentena “mais severa”
| Foto: Gustavo Carneiro

Segundo o prefeito Marcelo Belinati (PP), a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) não respondeu o recurso administrativo protocolado na semana passada pela prefeitura, assim como não houve indicativo de mudança de postura por parte do governo. “O que recebemos foi uma notificação, que não responde o que questionamos, do motivo de ter incluído Londrina (na quarentena)”, sustentou, durante live realizada nas redes sociais, na noite de domingo (5).

Belinati voltou a afirmar que Londrina tem indicadores melhores do que outros municípios que não tiveram atividades suspensas. “Ficou muito claro, pelas colocações das autoridades estaduais, que os motivos eram falta de vagas de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e medicação para intubação. Em Londrina não falta”, garantiu. Quando fez o anúncio, o Estado apontou, entre outros fatores, a incidência da doença por 100 mil habitantes, o índice de mortalidade e a taxa de ocupação de leitos de UTI para atendimento regional.

MANDADO DE SEGURANÇA

No fim de semana, diversas entidades de classe, além de deputados federais, entraram com um mandado de segurança no TJ-PR (Tribunal de Justiça do Paraná) pedindo uma liminar para impedir a suspensão das atividades consideradas não essenciais em Londrina. O grupo alega que a “prefeitura tem direito de legislar sobre normas de saúde e de interesse local” e que “as medidas já adotadas pelo Executivo municipal são suficientes para combater a pandemia.”

O plantão judiciário do TJ-PR recebeu a ação, no entanto, se declarou incompetente para julgar a demanda, encaminhando-a para o presidente do Tribunal, Adalberto Jorge Xisto Pereira, que ainda não a analisou. Marcelo Belinati admitiu expectativa com o resultado do mandado reverter o decreto estadual. “É esta ação que estamos esperando”, reconheceu. “Se voltar a decisão para a prefeitura, vamos seguir os médicos e neste momento não terá quarentena em Londrina”, avisou.

REGRAS

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| Foto: Folha Arte
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As regras impostas pelo governador Ratinho Junior (PSD), na terça-feira (30), passaram a valer oficialmente em Londrina no domingo (5), após decreto municipal ter dado prazo para os setores se organizarem. Mesmo com as normas, diversos estabelecimentos as desrespeitaram. Nos jardins Panorama, Morumbi e Vila Ricardo, zona leste, bares abriram normalmente, com aglomerações.

Nas proximidades da Avenida São João, postos de combustíveis venderam bebidas alcoólicas, mesmo estando proibidos. Já as grandes redes mercadistas fecharam suas portas, seguindo o que indica a quarentena. O mesmo vale para padarias e mercearias. A fiscalização está a cargo da PM (Polícia Militar).

REGIÃO

Ibiporã e Cambé, na Região Metropolitana de Londrina, também estão seguindo o decreto do governo estadual. Por meio de nota divulgada no fim de semana, a Prefeitura de Ibiporã informou que aguarda a resposta de ações que estão contestando a ordem do governador. Entretanto, enquanto o decreto permanecer vigente, o fechamento do que não é considerado essencial deve ser adotado “por questão de respeito à legalidade”.

Em Cambé, o prefeito José do Carmo (PTB) afirmou que as medidas já vinham sendo seguidas desde a semana passada, porém, ele disse acreditar numa maior adesão a partir desta segunda-feira.

“Houve uma certa confusão em função das informações. Nosso trabalhador e comerciante são muito conscientes e cumprem as normas. Colaboraram e vêm contribuindo para combater o coronavírus. As lojas ficaram quase 40 dias fechadas entre março e abril e veio toda a luta para que isso não acontecesse de novo”, defendeu em entrevista à FOLHA. Mesmo após o decreto, o comércio na cidade funcionou na semana passada.

O chefe do Executivo cambeense relatou que o município pode colaborar na fiscalização como “retaguarda”. Até o final da tarde de domingo, a Amepar (Associação dos Municípios do Médio Paranapanema) não havia obtido resposta do governo quanto à possibilidade de revisão das determinações.

Nesta segunda, representantes da prefeitura e polícia devem se reunir para alinhar o foco de atuação contra geradores de aglomeração. “O decreto tem como base a preservação da vida, mas deveria ter respeitado análise de município por município. Precisamos ter avaliação de como está o nosso trabalho, porque a pandemia vai continuar. Terminou o 14º dia (de quarentena) e depois? O que estou fazendo está certo? O que importa para nós é diminuir casos, óbitos e internamentos”, elencou José do Carmo.