Há no Brasil um clima de fim das restrições acionado especialmente pelo governo paulista. No dia 16 de agosto será o fim da etapa de imunização, cancelam-se limites de público e horário um dia depois. Se na reabertura tivermos um liberou geral há o risco de repique e com a presença forte da variante delta. Em Curitiba são liberados eventos e chega ao fim o toque de recolher. Teme-se um oba-oba e baixa da guarda em relação às máscaras e ao distanciamento. Há fatores que aconselham cuidados como o elevado índice de síndrome respiratória com alta transmissão comunitária e temos liberalidades exageradas, como a autorização para eventos com 300 pessoas. No Paraná está confirmada a alta transmissão comunitária da variante delta e um registro de 16 casos.

Entre terça e quarta houve 1.366 óbitos e 48.556 infecções em 24 horas, Curitiba com 14 mortes e 475 casos. Novamente se observa a falta de coordenação entre a União e entes subnacionais. Nem a intensidade do frio parece mexer com as mentes: São Paulo teve registro de -4,7º e Curitiba sensação térmica de -6,5º. Pelo jeito estamos ante um caso de estresse em torno de cuidados, afinal risco enorme.

Economia reage

Outro fator que favorece o afrouxamento é a sinalização de melhora gradual na economia: anunciam que no primeiro semestre houve geração de 1,5 milhão de vagas com carteira assinada e no Paraná houve um saldo de 118.316, o maior para junho.

O medo

Embora o governo federal tenha celebrado o agricultor com a imagem feroz de homem armado, alvo de generalizadas críticas, mas expressão clara da gestão que temos. A Secom produziu a tralha e apagou a publicação até porque o medo do agricultor, o dominante pelo menos do momento, não se enfrenta com arma de fogo, é a geada que deixa todos apreensivos e que pode afetar plantações de diversas culturas do país. Há quem enfrente o fenômeno cobrindo com TNT áreas plantadas de hortaliças, como se deu em Mandaguari e a imprensa registrou. A geada da semana passada afetou em Minas 156,3 mil hectares de café e produtores de cana de açúcar temem seus efeitos. O frio polar e as geadas obviamente não se enfrentam com bacamarte ou mandoliche.

Conflitos

Vivemos um tempo de suavizar conflitos, ainda mais quando se dão com os poderes de Estado. Bolsonaro voltou a atacar o STF e o acusou de difundir fake news. De seu lado a Corte o desmentiu e lembrou do saque de Goebbels, aquele manjado de que uma mentira contada mil vezes vira verdade. Qual a mentira referida? A de que o STF teria criado a impossibilidade de sua ação com o reconhecimento da autonomia dos entes subnacionais, estados e municípios. Há um cuidado nesses entreveros como o de um esgrimista de florete, mas por vezes a fala sai de controle. A União não teve sua atuação limitada ou impedida e tanto é que na vacinação ela exerce a coordenação e que melhorou muito com a entrada em campo de Marcelo Queiroga.

Folclore

Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil, só aceitou o encargo ao obter do presidente da República a garantia de toda autonomia para agir politicamente, uma delas na coordenação de ações do Planalto na CPI senatorial. Parece que esse tipo de concessão não se ajusta ao estilo peculiar do presidente. Segundo Bolsonaro, o general Luiz Eduardo Ramos, o antecessor, não sabia dialogar com parlamentares e que não se pode imaginar, por exemplo, o Ciro Nogueira conversando com o Alto Comando das Forças Armadas.