Há uma tendência dos frasistas em comparações com o auge do nazismo desde aquele secretário de Cultura que se valeu de um discurso de Goebbels, e antes disso aquela estória de que o nazismo era de esquerda, inventada pela ala ideológica. Analogias entre a quarentena e o ambiente dos campos de concentração levaram hospital israelita a afastar a infectologista que insistiu na comparação. No meio de tanta falta de imaginação, pintou o sempre polêmico ministro Gilmar Mendes com o conceito de que o Exército seria corresponsável pelas mortes da Covid-19 em função de sua forte presença no governo e, em especial, no setor de saúde.

Quando os militares, findo o regime ditatorial, passaram décadas na discrição, houve um fato de primeira ordem com a instituição aparecendo nas pesquisas como a mais relevante de todas de caráter público, apesar das seguidas rememorações dos aspectos mais negativos dos anos de chumbo. O anseio de dar aos militares um papel na gestão pública aconteceu no governo Michel Temer com a intervenção federal no Rio de Janeiro justamente na área de segurança, empreitada do mais alto risco, independente do seu resultado, já que é difícil imaginar soluções num país chantageado pelo poder paralelo das milícias.

O fato é que a expressão genocídio foi forte demais porque ela se consagrou na experiência dura do holocausto e evidentemente não se ajusta ao que se dá no país, em que pese o nosso mau desempenho como sociedade organizada na luta contra a pandemia. Nosso povo é um dos culpados com a sofreguidão que se segue à flexibilização.

Mau momento

É imaginável o drama do governo em se ver obrigado pelas circunstâncias a fortalecer medidas de isolamento, cada vez mais difícil, diante dos números da tragédia, quer de ocorrências novas, quer de mortes. O Paraná está na lista nos estados mais críticos com 1.028 óbitos e 42 mil casos da doença. Nos últimos 30 dias o número de infectados quase quadruplicou e as mortes cresceram duas vezes e meia. Como agir diante dessa realidade que não seja pela via mais rigorosa do distanciamento e com ela o desespero do comércio, como o contexto nosso vem revelando? Sinais de esperança como o de Londrina ficar por três dias sem mortes pela Covid-19 aguçam as pressões no sentido da liberação, que é tida como fator certo de incremento nas estatísticas sombrias. De 893 leitos de UTI adulto no Paraná 652 estão ocupados, o que dá 73%. Na macrorregião Norte, 92 dos 173 estão ocupados, o que representa 53%, o que não confere folga à rede básica. Essas diferenças acabam exploradas na discussão sobre o enfrentamento da moléstia e a reabertura do comércio.

Caso raro

A OMS, Organização Mundial de Saúde, destacou um caso de H1N2 com potencial pandêmico em Ibiporã de uma trabalhadora de um abatedouro de suínos e que não precisou sequer ser hospitalizada. 26 casos da anomalia foram relatados desde 2005 no mundo. A paciente foi tratada com oseltamivir e está curada.

Folclore

Geraldo Cartário era prefeito de Mandirituba e deu uma linha ao seu governo com tanta ênfase em ações sociais com a baixa das tarifas de ônibus que seus adversários chegaram a nomear a cidade de Mandiricuba para caricaturar as ações do administrador e ver nele um Fidel que aposta no assistencialismo como revolução.