Agora a tão referida rachadinha tem uma jurisprudência baseada em casos antigos em órbita municipal que define a configuração técnica do delito em decisão do Superior Tribunal Eleitoral e de autoria do ministro Alexandre de Moraes. Essa definição comporta contestações e certamente não lubrifica a tramitação dos casos emperrados e que afetam a família Bolsonaro. Já tivemos na capital um caso de cassação e que não era permeado por exegeses e hermenêuticas sofisticadas. A questão é que há bloqueios no caso do senador Flavio Bolsonaro pelo fato de as denúncias se darem ao tempo em que era deputado estadual.

União inviável

O domingo político mostrou a inviabilidade de unir esquerda e direita contra Bolsonaro, cuja mobilização em seu favor se mostrou incomparavelmente maior. E isso apesar da queda de Bolsonaro nas redes sociais, até em função do seu recuo, o que mantém viva a mobilização capaz de enfrentar ações como a do Movimento Brasil Livre e Vem pra Rua, que abafaram em 2013. O PT ao fugir da imposição dos partidos de esquerda, centro-esquerda e direita, livrou-se dos ônus de implacável derrota, mas percebeu que precisa mostrar força para reativar sua militância. O fato é que a cisão dominical mostrou que no caso deles, especificamente, "a união não faz a força" e sim gera uma farsa.

PGR atenta?

Alguns atos recentes de Augusto Aras, principalmente o que pede ao STF a suspensão da MP das fake news, restabelecem parte da confiança perdida na instituição depois da ofensiva lavajatista como representativa do Estado e não do governo. A causa da atuação do STF é óbvia: com a inércia da PGR precisou dar sinais de vida, enquanto ministros e suas famílias se sentiam ameaçados. Alega-se que o caminho adotado, centrado em referência do Regimento Interno, não está entre as lições de "O espírito das leis" do gênio Montesquieu, mas teve efeito intimidativo e que excitou as falanges em ameaças diretas ao Judiciário. O quadro mudou e a atuação da PGR talvez tenha um sentido tático para abrandar o jogo de pressões. É tão durável provavelmente como a moderação adotada por Bolsonaro em sua carta de autocrítica, na qual alguns críticos viram ironicamente a sua Carta Testamento.

Homeopatia

Tanto o que se dá na política quanto na economia não traz cenário autossustentável, as coisas se dão em doses homeopáticas. Por exemplo, estamos vendo um sinal bom no quarto mês sucessivo do segmento "serviços" , com alta de 1,1% em julho, e melhoras do gênero podem ocorrer em outras áreas inspirando Paulo Guedes a anunciar a esperada, tal como Godot na peça teatral, virada que acaba não vindo. Um detalhe das observações do IBGE foi o de que a pandemia fez crescer a "conta própria" e mostrar que 70% dos empregos gerados vinham dos pequenos negócios. O mercado projeta elevação da taxa básica de juros para 8% em 2021 e 2022 e o IPCA saltou de 7,58% para 8%, segundo a pesquisa Focus.

Perdas

No Paraná, com a pandemia 2,6 milhões de procedimentos médicos deixaram de ser praticados. O estado se mantém na espera de decisões da pasta da saúde quanto à vacinação de adolescentes e a terceira dose. A queda de casos persiste: 9 óbitos da variante delta e 26 infecções. No país, 256 mortes e 8.280 casos em 24 horas.

Crise

A crise hídrica, segundo a Sanepar, deve ir até novembro, mas iniciativas são fortes como a de trazer água da bacia do rio Verde até a mais próxima do Passaúna. Na questão não há como pensar em otimismo, pois o próprio governo federal prevê risco de sufoco energético em 2022. E será sempre um fomentador da inflação com carne e galinha empatando em preço com a de peru.

Folclore

O Brasil é o quarto país do mundo que mais mata defensor ambiental. Acentue-se que 70% desses crimes se deram na Amazônia. A questão ambiental afeta o Brasil nas suas relações comerciais com a unidade europeia e os EUA e mesmo com isso não mudamos a nossa imagem de devastador.