O Índice de Desenvolvimento Humano, IDH, vai ter forte queda no Brasil. O instrumental da ONU é centrado em renda, escolaridade e expectativa de vida. E a trilogia que lhe dá suporte é impactada pela pandemia. Da expectativa de vida temos o fato surpreendente de em várias cidades e estados (e isso se deu no Paraná em abril) haver mais mortes que nascimentos. Levando em conta que os registros deste ano superam de longe os de 2020 prevê-se que tal situação perdurará. Também serão afetadas a renda e a escolaridade.

Não teremos o Censo, que dá maior suporte a Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar para uma radiografia do Brasil, o que não impedirá exercícios de previsão entre os dados precisos, como esse, o de maior número de mortes do que de nascimentos.

A partida

O Brasil acompanha hoje o depoimento do primeiro ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que saiu incompatibilizado com o negacionismo de Bolsonaro. Calcula-se que a inquirição levará oito horas, tantos são os ângulos de abordagem. É evidente que a bancada de oposição tentará contê-lo, até por causa da extroversão intensa. Está reservada para amanhã a fala de Pazuello, cuja performance é subestimada pela circunstância de ter formado dupla no seu alinhamento com Bolsonaro. Tanto na audiência de Mandetta como na de Pazuello o governo se obriga a montar uma barragem.

Cegueira

Não apenas os jovens se expõem ante as arregimentações proporcionadas pelos momentos de flexibilização que mostrou uma Curitiba a pandemia, com a superlotação dos espaços. O fato de o Paraná registrar em abril mais mortes do que nascimentos não parece conscientizar. Há inclusive uma excepcional mudança de faixa etária na letalidade, e a de 20 a 59 anos cresceu 357%: de janeiro a março elas subiram de 413 para 1.889. No Brasil percebeu-se que o maior aumento teria ocorrido na faixa de 30 a 39 anos (alta de 295%). Caminhamos celeremente para os 15 milhões de casos (no fim da semana estávamos com 14,8 milhões com mais 1.210 óbitos e 28.493 infecções em 24 horas). Entre as anomalias a falta da Coronavac em mais da metade das capitais. O Paraná recebeu 391.500 doses da AstraZeneca para atender pessoas com comorbidade e gestantes e puérperas.

Divisor

A questão da quebra de patentes divide parlamentares, embora o sucesso político ocorrido com a ação de José Serra como ministro da Saúde no caso da Aids. O planalto teme maiores desgastes e fará esforço pela barragem do candente tema. O texto pode ameaçar entrega de vacinas e se passar na Câmara poderá ser vetado. O tema, pelo menos na proposta nos moldes atuais, se sancionado, comprometeria a candidatura do Brasil à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Folclore

Menos de 100 cidades brasileiras não registraram óbitos pela Covid-19 (no Paraná 3) e para ser exato chegaram a 90. De um modo geral são cidades pequenas, isoladas e que não tiveram volume significativo de casos. O fato é que houve mais mortes que em 2020 em 3.148 cidades (321 no Paraná).