Que tipo de direita?

A demissão do homem da cultura do governo Bolsonaro, por haver assumido um texto de Goebbels e consequentemente nazista, evidencia que a direita como a esquerda podem ter tonalidades diferenciadas, ainda mais num país que também não tem base experimental no campo doutrinário do pensamento conservador. Dos ministros que caíram até agora nenhum o foi por essa linha de fundamento tão nitidamente evidenciada.

Em termos rigorosamente ideológicos a confusão provocativa foi aquela de apresentar o nazismo como de esquerda, posto que como o PT o nacional-socialismo se declarasse em sua marca o "partido dos trabalhadores alemães", portanto de uma classe.

O relevante na queda de Roberto Alvim foi o pleito do presidente do Senado e o da Câmara, mais o do STF, pelo seu afastamento e também pela adesão imediata do governo.

Quem sabe se de repente situações como essa definirão que direita é essa que ganhou a eleição e ainda se empenha pela renovação do mandato, já que num momento de clara descontração no Palácio do Planalto, nesta semana, brincando, mas fixando metas, Jair Bolsonaro fez uma pergunta sobre quem assumiria em 2027 e sugeriu que tanto poderia ser Sergio Moro como o general Augusto Heleno.

Progressão

Geddel Vieira Lima, ex-ministro de Lula e Michel Temer (que também é Lulia), pediu na justiça progressão do regime fechado para o semiaberto, e o presidente do STF solicitou à Procuradoria da República para que se manifestasse. Geddel, aquele do apartamento com R$ 51 milhões, condenado por associação criminosa e lavagem de dinheiro a 14 anos e 10 meses de reclusão e 106 dias-multa em regime inicial fechado pela 2ª turma do STF em outubro do ano passado.

Fila, uma chance

Entre tantos problemas nacionais agudos e cuja solução projetaria o governo estão as filas, seja essa de quase dois milhões do INSS, ou a rotineira dos hospitais, e é claro, dos desempregados. O secretário da pasta de Desburocratização, Paulo Uebel, é otimista e crê que a fila mais preocupante, a dos benefícios em pensões e aposentadorias, será resolvida até o fim do ano, mas não é o que parece, como se vê nos flashes da televisão.

Sabotagem

Há suspeita de sabotagem tanto no caso das cervejas de Minas Gerais como no da água do Rio de Janeiro. No caso da Cedae a suspeita é contra seus funcionários. A não aceitação do produto com cheiro, gosto e cor (que afinal define a água) leva a população ao consumo de mineral, que com a demanda desaparece ou custa um absurdo. A Sanepar dos cariocas já foi até colocada como privatizada no pacote de acerto da dívida pública e isso em função do seu alto valor patrimonial, ora desgastado com as anomalias registradas. Estatais costumam tirar de letra as críticas, como se deu com a nossa quando acusada, pericialmente pelo Ibama, de lançar esgotos crus na bacia hidrográfica do Iguaçu.

Dispersão

Quando maior era a carga crítica em cima do secretário da Comunicação, Fábio Wajngarten, de ter empresa mediadora de meios de comunicação, da qual não teria se afastado, estourou o tema bem mais agudo da área cultural com o discurso nazista. Uma campanha sistemática o acusa de "ganhar de contratadas pelo governo" e há referências até ao número de encontros com clientes que teria chegado a 67 vezes. Bolsonaro já foi alertado pela CGU (Controladoria Geral da União) e discutiu a questão com vários dos seus ministros. Com a degola de Roberto Alvim, o tema não perdeu atualidade, mas com menor relevância leva à dispersão.

Alguns membros do governo entendem que o fato em si não seria ilegal, mas figuraria no plano da moralidade.

Mercado da bola

O Athletico e o Coritiba estão agora num atletiba no mercado futebolístico: o rubro-negro está num racha entre Palmeiras e Corinthians pelo atacante Rony, e no coxa o lateral Yan Couto, de 17 anos, que se projetou pela seleção brasileira da base, interessa ao Barcelona e pode se tornar no mais valorizado da história do clube. Fala-se em oito milhões de euros se agregada a bonificação.

Folclore

Na eleição estadual de 1955 o publicitário Sílvio Pessoa da Silva fundiu numa charge os rostos de Moisés Lupion e o de Getúlio Vargas, aparentando semelhanças incríveis pelos seus efeitos gráficos. Getúlio ainda pranteado pela tragédia do ano anterior, mas ainda funcionava e de maneira fortíssima como ponto de apoio.