Estamos mergulhados no caos e ainda tentamos descobrir quais são nossas prioridades. Talvez foque claro, como sugeriu o senador Randolfe Rodrigues, "vacina no braço e comida no prato". Quanto à vacina apurou-se que 1,5 milhão de vacinados não se habilitaram à segunda dose e em alusão ao tema da fome ficou comprovado, em pesquisa, que de cada dez lares do país seis deles padecem de insegurança alimentar. É um acúmulo de problemas muito rico para um país eminentemente pobre. Para dar uma dimensão do problema basta levar em conta que só em Londrina 500 pessoas não tomaram a segunda dose.

A atenção hoje está voltada para o STF e a análise da CPI da Covid-19, com muita gente já percebendo que o momento não favorece a montagem da investigação por ela exigir sessões presenciais, sem falar nas consequências políticas, ainda mais depois da funesta troca de ideias do senador Jorge Kajuru com Jair Bolsonaro, um horror de primarismo, que dá bem a ideia dos riscos expostos à nossa democracia.

Terapia

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, terá dificuldades de defender o lockdown na tentativa de persuadir o presidente. Ocorre que onde foi aplicado funcionou, como agora em São Paulo, que registrou queda de casos, internações e mortes. De domingo para segunda no Brasil houve 1.738 óbitos e mais 38.866 infecções em 24 horas, o que consolida 13,5 milhões de casos. Em Curitiba, 34 óbitos, 638 casos, UTIs com 96% e Londrina com 10 mortes e 132 novos casos. Se para admitir o uso da máscara e convencer-se de que o distanciamento funciona e aceitar a vacina já foi um parto, imagine-se como convencê-lo de que medidas mais radicais são indispensáveis.

Queiroga já disse: se eu não o convencer, a culpa será apenas minha e falha na missão.

Crime como prova

As gravações obtidas de forma criminosa acabaram atingindo o fundamento da Lava Jato, apesar de peritos e especialistas terem se convencido da impropriedade do material para recomposição dos fatos. A realidade é que a ampla divulgação, mais o coro dos que se opunham à operação, decretaram a queda e a pá de cal no enterro da força-tarefa, o que é lamentado no exterior. A demora da investigação da interferência de Bolsonaro na Polícia Federal, se presencial ou por escrito, se choca ante o papo Bolsonaro-Kajuru que mostra intervenção inclusive no STF com o tal do impeachment contra Alexandre de Moraes, isso sem falar na intromissão no Congresso para a CPI atingir governadores e prefeitos.

Armas

O Brasil já disse o que pensa, e isso plebiscitariamente, sobre o desarmamento, mas o presidente da República tem baixado vários decretos facilitando acesso às armas que deveriam entrar em vigor ontem e foram, muitos deles, rejeitados em grande parte pela ministra Rosa Weber do STF.

Folclore

O que é mais inconveniente: a troca verbal entre o pessoal da JBS e Michel Temer na madrugada ou o papo de agora, à luz do dia, entre o senador Jorge Kajuru e o presidente Bolsonaro?