Uma questão histórica: o presidente da Câmara Federal comete prevaricação ao não dar andamento aos processos de impeachment? Isso não está claro, pois tanto Rodrigo Maia, o anterior, como Arthur Lira, o atual, o fizeram com máxima naturalidade. Houve soma de conveniência e conivência nessa postura e a ministra Carmen Lúcia, atenta aos fatos, recusou a fixação de prazo. A hermenêutica, que trata da interpretação dos atos jurídicos, está na terra e não numa torre de marfim. Tanto o STF como TSE reafirmaram que mantêm sua agenda e ritmo como resposta ao mea culpa do presidente Bolsonaro. Palavras e aparências só fermentam o cenário e o submetem à flexibilidade da semântica.

Se o STF entender agora que pedidos de impeachment não podem ficar ao arbítrio do presidente de outro poder consolida o senso de que também prevaricou e volta a prevaricar. O entendimento de não decidir coisas de outro poder tem suas finalidades de natureza política e não técnica. Assim é se vos parece, diz o título da peça teatral e as repete o mundo jurídico. O fato é que Jair Bolsonaro foi além de Trump invadindo o Capitólio muito antes da eleição. Impeachment é cartão vermelho, como no futebol e o pedido em si é menos do que um cartão amarelo.

Alerta de novo

Subiram consideravelmente os casos de Covid em Londrina. Ia num ritmo de 530 casos entre 2 e 8 de agosto e duas semanas depois passou novamente a dois mil casos num intervalo de sete dias. De 30 de agosto a 5 de setembro foram 1.645 ocorrências. É alerta de sempre: segue-se às flexibilizações novas incidências. Em um ano e um mês de pandemia houve mil óbitos e agora num prazo de cinco meses teve mais mil vidas perdidas. Na capital o número de pacientes é o menor desde novembro de 2020, mas está liderando aumento de infecções nos meses de pandemia. Aqui se cogita de levar público ao futebol, o que foi capitaneado no Brasil pelo Mengo e os preparativos do Rock in Rio estão avançados. Não dá - e firme-se isso como sentença - para sugerir que o problema não existe e abandonar a máscara e o álcool em gel. Placar nacional de quarta e quinta-feiras: 747 óbitos e mais 32.353 novas infecções em 24 horas. Levar isso a sério é defender a sobrevivência.

Celebrações

Antes da carta de autocrítica, aquilo que o PT não faz nem a canhonaço, feita em comum com o ex-presidente Michel Temer, houve motivo de alegria contida na economia: o comércio varejista cresceu 1,2% em julho e 5 de 8 atividades tiveram avanço. O movimento no litoral paranaense, em Santa Catarina muito maior, ficou próximo do período pré-pandemia. E foi sob esses números que o Posto Ipiranga de Bolsonaro alertou que crises políticas dificultavam a retomada. Em alguns segmentos do comércio houve crescimento de 6,2%, o melhor do ano.

Temores

O IBGE revelou que um em cada sete adolescentes sofreu abuso sexual e que um quarto dos estudantes diz ter sofrido bullying no convívio com os colegas. Nossos índices civilizatórios aparecem nas planilhas menos do que no exercício selvagem da política nas demonstrações do 7 de Setembro. Por sinal que a ocupação do Planalto por bolsonaristas durou seis dias e tivemos a sequela dos bloqueios das estradas que até ontem persistiam em três estados.

Direitos femininos

Imaginem que apesar das aparências de modernidade postos de saúde em São Paulo pediam autorização do marido para inserir DIU. A revelação espantou as engajadas e a prefeitura paulista reagiu para dizer que tal exigência não cabia e baixaria reorientação dos profissionais das unidades básicas de saúde.

Folclore

O entendimento de que aulas presenciais facilitam o contágio se comprova na maior cidade do país: a Covid-19 atingiu 1.040 alunos no primeiro mês de retorno às aulas. As escolas estaduais registraram 1.748 de casos prováveis entre os dias 2 e 31 de agosto. Além deles outros 651 funcionários e mais 57 trabalhadores terceirizados foram contaminados. Bobear no tema é suicídio.