Poder paralelo
PUBLICAÇÃO
sábado, 05 de junho de 2021
Luiz Geraldo Mazza
A questão dos paralelismos do governo – gabinete do ódio, conselho na área de saúde - é fichinha perto daqueles que configuram o crime organizado e a milícias, cujo exemplo mais forte é esse da queda de prédio e interdição de outros em Rio das Pedras com o esquema terrível da construção clandestina de edificações. O Conselho Regional de Engenharia revela sua impotência diante do assunto, o das construções irregulares, diante do inegável poder das milícias. Já a patologia dentro do governo lhe dá elementos de consolidação com as forças atuantes nas redes sociais.
Na CPI da pandemia tem ficado nítido o paralelismo justamente na Saúde, o que enfraquece a posição do ministro, ao se lhe atribuírem decisões nada científicas como a insistência na cloroquina e outros fatores do curandeirismo. A ambivalência oficial ficou demonstrada no mais recente pronunciamento de Bolsonaro, com nítida resposta a revelações da CPI.
Sem punição
O Exército aceitou as ponderações com desculpas do ex-ministro Eduardo Pazuello e isso atendeu especialmente a intervenção do presidente da República. Foi uma espécie de mal menor, já que mesmo a advertência oral, pena menor pela infração cometida, exporia uma dificuldade interna indesejável.
Queda
A vacinação contra outras doenças caiu na pandemia. Segundo o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde revelou, menos da metade do país atingiu a meta para nove vacinas e abre espaço para surtos. Tivemos queda de 26% na doação de órgãos para transplante, no qual há muito o Paraná tem papel de liderança. Em cada dez falecimentos quatro se originam na Covid em nosso estado e tivemos 5.079 casos, 121 óbitos, Curitiba com 884 casos e 29 óbitos, Londrina com oito mortes e 1.497 casos, Brasil com 2.082 novos óbitos entre quarta (2) e quinta (3), 92.115 infecções.
Caso Salles
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse à Procuradoria da República ter atendido pedido do ministro Luiz Eduardo Ramos, então na Secretaria do Governo, para uma reunião no Palácio sobre a apreensão de madeira e que a Casa Civil encaminhou um parlamentar ao Ministério do Meio Ambiente para tratar da mesma questão. Atendeu, portanto, demanda do planalto.
Desemprego
Vivemos o ponto mais agudo do desemprego (14,8 milhões) traduzido na circunstância de 3,5 milhões de pessoas procurarem vagas há dois anos ou mais no efeito até aqui de maior duração na série histórica do IBGE iniciada em 2012. E temos ainda 6 milhões de desalentados, aqueles que decidiram não mais ir atrás de oportunidade.
Folclore
Grave é a infração de Pazuello de ir a ato político do presidente, como também a absorção pelo comando das alegações do infrator, mas não tem o tamanho da de 1955, quando os generais Teixeira Lott e Odílio Denis botaram os tanques na rua e impediram que o presidente da Câmara Federal, Carlos Luz, tomasse posse da presidência da República no movimento de retorno aos poderes constitucionais vigentes. Não era golpe porque visava garantir a posse de Juscelino Kubitschek. Golpe é só quando o outro lado faz.