Em meio a tragédia que enfrentamos sobram, para compensar, cenas de pastelão, como a troca de doses vacinais, a existência de frascos pela metade e até a incrível imunização de mortos entre os atendidos. Houve pelo menos em 39 cidades casos de mortos arrolados entre os imunizados dentro das tradições brasileiras, como a de ricos sendo beneficiados pelo auxílio emergencial e uma lista apreciável de gente classe média entre os atendidos.

Isso tudo em meio a tantas referências a protocolos e cuidados, enfim, para atender os atingidos pela infecção. Há também o pastelão mais sério, como o do presidente sem máscara provocando aglomerações populistas, questão insistentemente levantada na CPI de ontem, quando o ministro Marcelo Queiroga ouviu essa interpelação como se devesse censurá-lo.

Estatísticas

Há em movimento um grande número de pesquisas revelando os setores mais atingidos pelo coronavírus e uma delas indica que faxineiros, cobradores, porteiros e vigilantes tiveram 533% de predomínio nas ocorrências. Dentre as sequelas das infecções a perda de memória ocorre em 80% dos pacientes. Essa busca de especificidades é permanente no tsunami incontrolável que marcou ontem 1.119 novos óbitos e 39.712 infecções em 24 horas no país, das quais 878 casos e 27 mortos em Curitiba. Já contabilizamos perto de 500 mil mortes e 17 milhões de casos. No Paraná acumulamos mais de 27 mil casos. E há alertas como o de que um quinto dos brasileiros de mais de 70 anos não completou a vacinação e informações oficiais de que o governo negocia 100 milhões de doses da Moderna. Há ainda a previsão de que tanto Butantan como Fiocruz produzirão vacinas nacionais.

Bom senso

O acordo entre patrões e empregados do transporte coletivo de Londrina firmaram acordo, que carece de ratificação pela categoria, para evitar a greve ameaçada para ontem. Situação das empresas piorou com a crise que gerou desequilíbrio financeiro e elas alegam que vêm mantendo a operação do sistema com recursos advindos de empréstimos. Limitações quanto à carga de passageiros afetou o sistema em Curitiba, que foi atendido em cessões da prefeitura.

Bolsa Família

Reformular o quanto antes o Bolsa Família virou imposição porque a lei impede criação de gasto social em ano de eleição, portanto deve ser feito algo nesse ano. No momento o governo estuda mais dois ou três meses até setembro do auxílio emergencial. Alguns sinais, além dos relativos ao PIB, favorecem o governo que festejou o aumento de 1,8% no comércio em abril e que devolve o sistema aos números que precederam a pandemia.

Folclore

Uma em cada quatro mulheres sofreu algum tido de violência em função da pandemia e de seus efeitos econômicos e sociais. Esse contingente, segundo o Datafolha e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, é de 17 milhão de mulheres. A perda do emprego e da renda agrava o risco de violência e foi a causa para 25% das vítimas. 47% das que sofreram violência perderam o emprego e 62% tiveram redução na renda familiar. Como colocar fora o marido se não há dinheiro para os filhos comerem?