No papel que exerce, inclusive na aproximação dos poderes, Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, vai se habilitando a candidato presidencial com elegância e diplomacia, como agora no acordo bicameral no Auxílio Brasil, mas exibe apego à postura autonomista ao não garantir aprovação da PEC na próxima semana como deseja Bolsonaro. E quando se discutiu de onde sairiam os recursos foi firme na indicação de que essa tarefa cabia ao ministro Paulo Guedes. Essas intervenções definem um estilo para possível proselitismo.

A vez do STF

A Câmara aprovou por 344 votos e nenhum contrário o Auxílio Brasil, que parece acreditar numa conciliação com o STF, que fulminou o chamado orçamento secreto, das emendas do relator. Por oito votos a dois, acompanhando o entendimento de Rosa Weber, a operação foi rejeitada e seguida de conversações entre os comandos dos poderes, acreditando-se em composição no exame do mérito da matéria. Pegará mal um recuo da Corte acatando mudança de procedimento de 2022 em diante. Princípios como o da moralidade, publicidade, agregados ao da impessoalidade estão em jogo.

Mais vertente

Agora a preocupação é com a vertente da África do Sul, que fez a Bolsa tombar, a B.1.1.529, que apresenta número extremamente alto de mutações e se espalha rapidamente. Vários países cuidam de criar cordões sanitários com exigência de vacinação em viajantes. A Covid já matou mais de 5,16 milhões de pessoas e a Europa voltou a ser o epicentro da pandemia com reforço de medidas sanitárias no Reino Unido, Áustria, França, Alemanha, Holanda, incluindo lockdown. No Brasil entre quarta e quinta houve 303 mortes e 12.191 casos, no Paraná 14 óbitos e 1.186 casos. Cresce no Brasil o movimento anticarnaval, nem sempre apenas o desejo de conservadores, mas também de infectologistas.

Jeito de guerrilha

Centenas de balsas de dragagem de repente ocuparam o Rio Madeira, na Amazônia, o que levou o vice Hamilton Mourão a anunciar ação integrada da Polícia Federal e da Marinha contra a invasão. Há vozes discordantes alegando que a mineração em terra indígena é pior do que o garimpo do Madeira feito pelos ribeirinhos.

Bancada

Um dos objetivos no lançamento de candidato presidencial é tentar ampliar a representação nos estados com postulantes ao governo e à Câmara para evitar o risco da cláusula de barreira. Um dos que apostam nisso é o Podemos, que espera com a postulação de Sergio Moro aquecer a competição e dar capilaridade ao partido. O MDB está em princípio entusiasmado com a candidatura de Simone Tebet, que se revelou na CPI da Covid e num momento de exaltação da mulher que saiu na frente nas eleições da OAB em São Paulo e no Paraná. O PL continua o suspense em torno da filiação de Jair Bolsonaro, que faz exigência de nenhum acordo com as esquerdas e que imagina Alckmin em choque com Doria em São Paulo.

Fora da lista

Segundo a mídia, a Interpol não estaria incluindo bolsonaristas na listagem de procurados pelo STF. O escritor Olavo de Carvalho driblou a vigilância e foi de carro ao Paraguai e de lá pegou um avião para os Esteites. Negou, em vídeo, ter deixado o país por causa da convocação para depor no inquérito das milícias digitais.

Folclore

As prévias do PSDB são um feito importante no meio da mediocridade reinante, mas as demoras em acertar a tecnologia adequada para fazê-las pode colocar mal o partido em termos de competência, tantas as reviravoltas havidas e até a suposta intervenção de um hacker que teria melado o pleito no domingo passado, isso já em investigação.

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