Ofensiva nunca vista

O país assiste a um processo de reengenharia administrativa e fiscal de tal ordem que não é fácil fixar-lhe limites. Tivemos várias ameaças de reformas que ficaram a meio caminho, uma delas sob FHC em matéria previdenciária que não emplacou por um voto. A cultura aqui sempre foi a da gastança, e se Bolsonaro aplicasse aí o conceito que estabeleceu para o desmate amazônico, uma inevitável praxe, segundo ele, teria brecado o impulso reformista.

Como o fluxo das reformas é animador, com boas chances de emplacar, as investidas se tornam cada vez mais agudas como essa de taxar em 35% o Imposto de Renda de quem tem salário acima de R$ 39 mil, na perspectiva, dentro da reforma tributária, de ampliar ao máximo o recolhimento sobre a renda e reduzir o do consumo. O país tem extremada má vontade com a austeridade, olhada como opressora, reacionária, e mesmo colocada como inevitável e salvacionista vai encontrar reação.

Consumo salva?

O consumo das famílias, que responderia por quase dois terços do PIB, é apontado como fator de aceleração da atividade econômica no segundo semestre. Com a pertinência do juro menor e saque do FGTS aparenta uma retomada, posto que haja fragilidade nos investimentos. Há a crença entre observadores que mantido esse ritmo em 2020 o consumo poderia voltar ao nível da fase pré-recessiva.

Alguns indicadores como a melhora ainda tímida da empregabilidade e o clima das reformas podem ainda surpreender, ainda que haja problemas como o baixo consumo do governo e o setor externo. Claro que há obstáculos como o da inadimplência das famílias, ainda elevada.

Mobilização

O Fórum Sindical do Serviço Público estará mobilizado para o andamento da reforma da Previdência estadual na tramitação da matéria. Embora o alertamento, já feito por Reinhold Stephanes, de que não há margem para negociação, a disposição dos sindicalistas é de ocupar seu espaço e participar. A matéria já passou na CCJ e o governo confia na maioria para aprovar tudo em tempo recorde, pois o recesso parlamentar é em 17 de dezembro.

O regime funciona

A postura do procurador geral da República, Augusto Aras, na defesa das prerrogativas de sua área na questão dos relatórios do antigo Coaf, em debate com o presidente do STF, mostrou que apesar dos desequilíbrios de poder a mecânica institucional funciona como dc resto se viu na sequência dos acontecimentos. Aras mostrou que o método anterior à intervenção de Dias Toffoli, ainda que com alguns recuos conceituais, é o mesmo adotado em 184 países. Com esses conflitos consolida-se o contraditório inseparável de uma democracia.

Acareação

Deputados do PSOL insistem numa acareação entre Sergio Moro, Paulo Guedes e Gustavo Bebiano para esclarecer as versões conflitantes sobre acertos e conversações que culminaram com a nomeação do ex-juiz como ministro da Justiça. Tudo parte do esforço para comprometer o magistrado e a Lava Jato e sustentar possível parcialidade e afinal influir no processo que o STF vai encarar.

Previdência local

Como Curitiba, Londrina está se ajustando municipalmente aos regramentos previdenciários. Na segunda cidade do Paraná o fundo de pensão terá aporte de pelo menos R$ 40 milhões da municipalidade e as alíquotas patronais e de servidores serão aumentadas.

Folclore

Nem sempre há sobriedade nas críticas de um ministro do STF sobre outro. O ministro Barroso, ante a longa defesa de Toffoli, disse que ela deveria ser vertida para o javanês.